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Porque não tenho um pingo de inveja: Eusébio, claro!

por Ao Colinho do Isaías, em 13.09.16

Pode não ter sido pelos motivos que aparenta, mas as declarações de Luís Figo em relação a Eusébio e Cristiano Ronaldo, fazem regressar à minha memória uma questão que, pessoalmente, considero de resposta óbvia, mas que parece que nunca terá solução, em particular neste momento específico de clubismo exacerbado.

Quem é, afinal, o melhor jogador Português de sempre?

 

Bom, apenas se poderá tecer bom julgamento quanto a esta questão se acordarmos o que consideramos serem os atributos de um jogador de futebol. Há quem defenda que os números são tudo. Bom, mas nesse caso considerem-se todos os números, como o número de jogos entre a época de um e a de outro. Se Eusébio jogasse mais, teria tido a oportunidade de fazer "mais números". Números somente não servem para encontrar uma solução. Os tempos foram evoluindo, há um mundo de diferença entre os tempos de Eusébio e Cristiano Ronaldo, mas há factores que são evidentemente transversais e que até poderão ajudar-nos a entender quem foi o melhor, precisamente devido às diferenças entre cada uma das suas épocas. Tentarei expôr três dos principais factores:

 

Tecnologia:

- Eusébio treinou, jogou e evoluiu com acesso a processos, materiais e métodos muito "artesanais" comparados com os de hoje - primeiro no Sporting de Lourenço Marques e depois no Sport Lisboa e Benfica. O Benfica tinha já condições de topo para a sua altura, mas incomparáveis à situação de qualquer clube mediano de uma jeitosa primeira divisão actual. Trabalhou muito com o pouco que tinha à disposição. Têm ideia de quanto pesava, por exemplo, uma bota daquelas? Das bolhas que muitas vezes causavam?

 

 - Cristiano Ronaldo beneficiou, primeiro no Sporting (que, na altura dele, tinha a mais bem apetrechada academia de futebol em Portugal), depois no Manchester United e agora no Real Madrid de tecnologia e métodos inimagináveis sequer quando Eusébio começou. Tudo estudado e com métodos testados. Trabalhou muito com o muito que tinha à disposição.

 

Resistência:

- Eusébio jogou nos tempos antes de se permitirem substituições no futebol. As regras do futebol permitiam na altura, ainda por cima, a violência aberta. O King apanhou pela frente os piores e mais violentos defesas do seu tempo. Resistiu a todos. Jogou lesionado como se estivesse a 100%. Suportou o que hoje seria insuportável. Cansaço não servia de desculpa. Dor, para ele, não existia com o Manto Sagrado.

 

- Cristiano Ronaldo é e foi muito visado pelos defesas contrários, pela sua fantástica capacidade de drible, mas uma entrada considerada normal ao joelho do Eusébio nos anos 60, daria em expulsão hoje em dia ao adversário que o fizesse ao Cristiano Ronaldo. Incomparável.

 

Personalidade:

- A forma como Eusébio se comportava tanto com os seus colegas de profissão como com o mero adepto marcou todos quantos o conheceram pessoalmente. Sabedor da sua importância, era um de nós, ao serviço da Humanidade no geral e do Desporto em particular. Nunca escondeu nem quis ultrapassar as suas origens humildes, porque sentia que nada havia que ultrapassar: ele era o mesmo homem que saiu pobre de Moçambique à procura de um sonho no clube da Luz. Não há uma pessoa que com ele tenha convivido que tenha algo de menos bom a dizer.

 

- Cristiano Ronaldo envolve-se numa luta pública consigo mesmo e os seus fantasmas de infância. Ronaldo sente a necessidade de ser venerado. A determinação férrea de que se serve para alargar os seus limites continuamente, fazem dele um atleta excepcional, mas também insuflam um ego que não consegue manter-se afastado dos holofotes, nem que seja pela polémica desnecessária. Ronaldo saiu pobre da maravilhosa ilha da Madeira também à procura do sonho e alcançou-o. Contudo, não é consentânea a admiração dos seus pares e do público no geral. Ele sempre quis o que de melhor as luzes da ribalta lhe podem trazer, como se pudesse deixar de fora o lado negativo de tal exposição... e o pior ainda é que se recusa aprender a lidar consigo mesmo. Cristiano Ronaldo quer tanto ser o protagonista que acaba por prejudicar a sua equipa.

Há uns meses atrás envolvi-me num debate com um outro Benfiquista, no qual defendi que Ronaldo não era o melhor jogador Português de sempre e que, muitas vezes, era um elemento nefasto à sua equipa. Não chegámos a qualquer conclusão, cada um ficou com as suas opiniões, o que é perfeitamente saudável.

 

No entanto, afirmo aqui, aproveitando a oportunidade desta notícia, que entre Eusébio e Cristiano Ronaldo:

 

Porque não tenho um pingo de inveja: Eusébio, claro!

Incomparáveis.

Um tem meritório lugar no Panteão Nacional, porque foi muito mais que um excelente jogador.

O outro, tem um lugar na História do futebol, juntamente com tantos outros excelentes jogadores.

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rematado às 14:15


Eusébio na bota de Jimenez!

por Ao Colinho do Isaías, em 10.03.16

Foi preciso sofrer, mas já se sabia que o sofrimento teria de fazer parte desta segunda mão. Afinal, cabia à equipa Russa, em sua casa, tudo fazer para virar a desvantagem mínima que trouxe da Catedral.

Ainda assim, o Benfica entrou com a ideia de disputar a partida e marcar o seu golo. A consegui-lo, obrigaria o Zenit a ter de escalar a montanha psicológica de três golos.

 

Após uma primeira parte dividida, a segunda teve um Zenit mais pressionante, pressionada que estava a equipa para marcar o golo do empate na eliminatória. Foi, curiosamente, num lance ao estilo do clube do qual o seu treinador é adepto, que o Zenit, por fim, empatou a eliminatória:

 

Um lance repleto de garra, de ímpeto, de irregularidade e de um árbitro complacente.

 

No entanto, ao contrário de outras equipas que também sofreram na pele decisões incorrectas de árbitros perante equipas Russas nesta prova, o Benfica não chorou. Acreditou, encheu o peito e foi em frente tentar resolver o jogo de seguida. É certo que contamos com o espírito de Eusébio, mas isso não torna ilegal o golo inventado pela fé de Jimenez - afinal, não há regra que se conheça que impeça a intervenção divina ou espiritual. À bota de Jimenez desceu o pé direito de Eusébio e a fé do Mexicano fez o resto: remate impressionante, defesa incrível do guarda-redes, encosto de Gaitán para o 1-1 e a resolução da eliminatória. Grato Eusébio! Grato Jimenez!

 

Com o adversário já resignado, Talisca ainda pôde, com facilidade e um toque de classe, fazer o segundo golo.

Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.


Uma equipa pequena ter-se-ia desmoronado após o golo do Zenit (ainda por cima obtido da forma que foi). Só que o Sport Lisboa e Benfica é GIGANTE!

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rematado às 07:54




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