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O pecado de Jesus cortado pelo Machado na Madeira

por Ao Colinho do Isaías, em 23.03.15

Na primeira época de Jorge Jesus no Glorioso, a equipa do Sport Lisboa e Benfica teve uma fase de verdadeiro rolo compressor, uma vez ultrapassado o decepcionante empate na primeira jornada, na Luz, com o Marítimo. A partir daí entrou num ritmo avassalador, esmagando etapas uma atrás das outras durante um período significativo.

À oitava jornada, o SL Benfica recebia o CD Nacional, na altura como agora liderado por Manuel Machado (que regressou ao clube Madeirense após umas outras aventuras menos conseguidas). Começou aí, penso eu, uma picardia nada saudável, motivada pela já conhecida "fanfarronice taberneira" que era na altura muito mais evidente em Jesus que agora, no período pré media training.


A equipa do Benfica começou melhor e Cardozo marca o primeiro, após brilhante jogada colectiva, confirmando para todos os presentes que não havia ali lugar para abrandamento. Só que o Nacional chega ao empate num lance irregular (milimétrico, mas fora-de-jogo) e coloca a dúvida nos ânimos na Luz. A partir daí, só deu Benfica.
Saviola faz (de cabeça!!) o 2-1 e já na segunda parte, Cardozo bisa, de penalty, para o 3-1. Depois, foi a vez de Saviola bisar também, com a assistência de Cardozo (com dúvidas se houve mão), e colocar o resultado em 4-1.

Jesus estava fora de si. O jogo virara e o Benfica estava agora "a dar baile". Foi neste momento que se celebrizou um dos gestos mais emblemáticos da primeira época de Jorge Jesus no Benfica. Virando-se para o banco do Nacional, erguendo os quatro dedos e deixando-os dançar ao sabor da vitória, JJ "picava" Manuel Machado e dava início a uma rivalidade que dura até hoje.


O jogo ainda teve mais: Nuno Gomes fez o 5-1 e novo penalty deu a Cardozo um hat trick.

Acerca do comportamento de Jorge Jesus, Manuel Machado, já conhecido pela retórica algo rebuscada com que brindava os jornalistas em muitas conferências de imprensa, respondeu de forma afectada:

 
Trago-vos a lembrança deste episódio porque este fim de semana, acabou por ser o rival Machado a cortar na Madeira, parcialmente, o enorme pecado de Jesus em Vila do Conde.

No comentário a um artigo anterior, assumi-me como fã de Jesus, sendo conhecedor das suas virtudes e defeitos. Pois bem, perante um Rio Ave organizado, espevitado e que nunca virou a cara à luta, a equipa do Benfica expôs, uma vez mais, as fragilidades do plano de jogo para este tipo de deslocações.
Não há, esta época, grande diferença entre o Paços de Ferreira e o Rio Ave e, se o Benfica tivesse marcado cedo diante do Paços, provavelmente o próprio jogo e desfecho seriam semelhantes. Até Gaitán faltou em ambos jogos.
A verdade é que o golo cedo, que podia dar a tranquilidade que deu nos Barreiros, acabou por atirar a equipa para uma completa escassez de ideias, retirada que foi do seu estilo de jogo preferido pela pressão dos adversários, pela dimensão do terrenos de jogo e, claro está, pelo próprio valor da equipa contrária. O Rio Ave, a par do Paços, soube explorar as debilidades defensivas da linha subida do Benfica que, a jogar fora, merece ser revista com urgência. Perante equipas que disponham de avançados rápidos e que guardem bem a bola, um passe (ou mesmo um "chutão") para as costas dessa linha defensiva (particularmente, para as alas e de entre essas a mais frágil é a de Eliseu) é, quase sempre, um momento de aperto. Foi por aí que tanto o Paços como o Rio Ave venceram os seus jogos.


É que neste momento, o Benfica sem Gaitán não tem o mesmo motor - ou melhor dizendo, tem o mesmo motor, mas anda sem piloto. Nem Jonas teve como mostrar serviço e Lima falhou na Hora H. A equipa não soube tomar conta dos acontecimentos, jogando mais próxima, trocando a bola, frustrando o adversário e obrigando-o a cometer um outro erro que desse no 0-2. Como já tenho lido por aí, "pôs-se a jeito".

Este enorme pecado (repetido) de Jorge Jesus foi, no entanto, aliviado por Manuel Machado e o seu CD Nacional. A equipa da Choupana fez uma grande exibição também, por seu lado, e só não deu a volta completa ao marcador porque um dos seus avançados teve um momento inacreditável perante a baliza aberta. Ainda assim, este 1-1 oferecido pelo rival Machado, deu a Jesus uma absolvição parcial. Irá ele aproveitá-la?
É que já a seguir vem o Machado à Luz.

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rematado às 12:25


Jonathan Rodriguez: R9 ou Gazza?

por Ao Colinho do Isaías, em 19.03.15

Jonathan Rodriguez foi um negócio difícil de completar para o Sport Lisboa e Benfica. Tinha tudo acertado para vir para o Estádio da Luz e, apesar de rotulado de craque até por Luis Suarez, iria ser recebido sem grande aparato. No Uruguai já tinha fama (e algum proveito) mas em Portugal era mais um desconhecido, visto provavelmente como um daqueles que ficariam "ad eternum" na equipa B.

Só que depois veio o jornalista Uruguaio tecer considerações acerca da personalidade do rapaz. De súbito, cheirando a venda de papel por esse Portugal fora, como só o Glorioso consegue proporcionar, caiu a comunicação social em cima do caso e andaram uns tempos em modo de aproveitamento.
As dúvidas acerca da condição física, no que se relaciona com um problema congénito na anca, tinham razão de ser, até porque o Sporting Clube de Braga já o tinha rejeitado (após ter tentado baixar o preço, diga-se) perante o resultado dos testes médicos. Só que o Sport Lisboa e Benfica considerou que o jogador está apto para a alta competição e agora há que observar o desenvolvimento da condição física dele. As dúvidas relativas à personalidade do jogador, essas, ainda permanecem. É claro que vir de um ambiente complicado não é motivo para preocupações, o futebol tem imensos exemplos que o provam. O que pode vir a ser preocupante é como reagirá Jonathan quando as coisas lhe correrem menos bem.

O negócio lá se concretizou e Jonathan ingressou no Glorioso. Chegou, jogou pela equipa B e marcou logo. Mostra atributos extraordinários e tem a capacidade de se afirmar no imediato e de fazer de todo o seu potencial certeza. Neste momento, ele está absolutamente focado e com um único objectivo em mente: mostrar-se a Jorge Jesus para integrar quanto antes a equipa principal do Sport Lisboa e Benfica. Como reagirá ele, contudo, perante uma adversidade ou quando já for titular indiscutível? Afinal, ainda resta saber se o Uruguaio consegue afirmar-se perante defesas menos macias do que as da Segunda Liga. Essa é a incógnita.

 
As qualidades de Jonathan Rodriguez são inegáveis: é um bólide constantemente apontado à baliza. Uma autêntica bala capaz de furar defesas e frustrar adversários. O seu tipo de jogo faz lembrar, obviamente sem estar ao mesmo nível do Brasileiro (que é inigualável), o Ronaldo R9 "fenómeno" dos tempos áureos. Se assim se continuar a revelar, será um parceiro mortífero para Jonas, o mestre que partilhará o ataque com ele, seguramente. Aliás, quem sabe se é por isto que Lima me tem parecido um pouco mais nervoso ultimamente?


O que se espera é que às qualidades de Ronaldo R9 não esteja aliada a personalidade de Paul Gascoigne - um extraordinário talento que não atingiu outros níveis devido, precisamente àquilo que Jorge da Silveira apontou a Jonathan Rodriguez: problemas com o consumo de bebidas alcoólicas.


Se o que o jornalista veio dizer é verdade ou mentira, o tempo o dirá. Toda a minha esperança é de que seja mentira - ou que tenha sido verdade, mas que fora ultrapassado - pois se pudermos contar com o "nosso R9" ao lado de Jonas, teremos uma dupla de um nível muito superior ao da Liga Portuguesa.

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rematado às 13:18


Perigo: O derradeiro ataque?

por Ao Colinho do Isaías, em 17.03.15

Quando se deu início à guerrilha norte-sul, por parte de Pedroto e Pinto da Costa, a primeira vítima foi o Sporting. Aquele que era o segundo maior e melhor clube Português sucumbiu mais facilmente aos ataques por ser, precisamente, o segundo maior. Com astúcia e alianças temporárias mas proveitosas, o presidente usurpador de um clube que já se tinha transformado no terceiro grande com muito trabalho e dedicação, conseguia, a pouco e pouco, afastar o segundo para poder tomar-lhe o lugar. Infelizmente, digo-o eu, conseguiu. O Sporting Clube de Portugal sofreu um KO técnico na batalha da década de 80 e não contou com o apoio institucional do Sport Lisboa e Benfica, apoio esse que lhe era devido, na minha opinião, por ser precisamente o rival mais directo e aquele que com mais fervor, competição após competição, acabou por empurrar o próprio crescimento do nosso Glorioso. O Sporting nasceu para, e sempre almejou ser, o principal clube Português - basta ler o seu nome. Contudo, encontrou diante de si um rival que se agigantou sempre perante as adversidades e que soube competir pelos méritos que ambos desejavam. A rivalidade com o Sporting Clube de Portugal edificou - e de que maneira! - a própria grandeza do Sport Lisboa e Benfica, que conseguiu ocupar o tal lugar de nº1 que era tão desejado pelo clube da nobreza.


Em 1980, o Sporting Clube de Portugal ganhou o campeonato. A final da Taça de Portugal dessa época disputar-se-ia entre o Sport Lisboa e Benfica e o Futebol Clube do Porto. Apesar de ainda ser apenas um funcionário da secção de futebol do FC Porto, Pinto da Costa bebia toda a estratégia do treinador Pedroto e começava a conquistar apoio suficiente dentro do clube para preparar o seu golpe traiçoeiro. A ideia de Pedroto era basear toda a motivação para as conquistas do seu clube não numa rivalidade, como até então tinha acontecido entre Benfica e Sporting, mas numa guerra. Na sua visão, o FC Porto representaria não só a cidade mas a região norte inteira e apresentar-se-ia como o único estandarte capaz de defender, e combater por, essa região, pintada nos seus quadros demagogos como eterna, única e injustiçada vítima do poder central do sul. Mostrando-se vítimas do que iriam infligir durante tanto tempo, projectariam nos outros os seus próprios pecados. É claro que para o fazer com maior sucesso, seria essencial aproveitar-se da rivalidade dos dois grandes nacionais, sediados em Lisboa. Foram precisamente essas as bases de todo o crescimento "relâmpago" do Futebol Clube do Porto desde o golpe de Pinto da Costa, no qual afastou, sem apelo ou misericórdia, os seus "inimigos de estado" do próprio clube.

Só que, nesse ano, nem Pinto da Costa tinha ainda tomado o poder, nem o FC Porto aceitava em pleno a visão de Pedroto. A resposta dos dois eternos rivais Benfica e Sporting perante as injúrias e insultos provocatórios vindos da dupla guerrilheira, foi uma união nunca vista - não uma união desportiva, como era habitual na correcção institucional que costumava caracterizar a relação entre os dois clubes, mas uma união ideológica: "Portugal é inteiro, de norte a sul, sem divisões. O SL Benfica e o Sporting CP são clubes de dimensão nacional devido aos seus feitos e à competição entre si. Se o FC Porto quer ser nacional também, que seja bem vindo à competição dentro do desporto, mas nunca poderá sê-lo se se excluir do próprio país que quer que o aceite."

Com esta reacção unida, adeptos do Sporting campeão e do Benfica terceiro classificado deram uma resposta, inequívoca na altura, a Pedroto e Pinto da Costa.

 
Foi a última vez. A partir do momento em que o golpe ocorreu no seio do clube Portista, a argúcia ambiciosa e desregrada do novo líder conseguiu afastar os dois rivais, atirando o elo mais fraco para um jejum de vitórias considerável, tendo em conta o que fora até então a História dos leões (curiosamente iniciado no ano em que Pinto da Costa assumiu o trono no Porto). Como o Sport Lisboa e Benfica ainda ia ganhando, agora a meias com este novo Futebol Clube do Porto, os Benfiquistas focaram-se cada vez mais na guerrilha com este novo poder azul e branco, esquecendo-se da importância que teve e terá sempre, para si mesmo, o seu verdadeiro rival. Esse esquecimento Benfiquista, ainda por cima pavoneando a ausência de vitórias perante o orgulho Sportinguista, acabou por azedar o rival verde e branco e extremar a sua posição quanto ao seu rival genuíno.

Os anos 90 foram o que se viu, com a tomada de assalto do poder no futebol nacional por Pinto da Costa e o afundamento do Sporting Clube de Portugal, a nível de títulos conquistados mas nunca na sua estatura, para o terceiro posto. Também o Sport Lisboa e Benfica se afundou, como todos sabemos, nessa década. O campeonato tão brilhantemente conquistado em 94 iniciou um período de 11 anos sem que o futebol Benfiquista se pudesse afirmar perante o poder instituido que, se tornara já também, um poder futebolístico dentro de campo e não só fora.


Relembrei tudo isto porque quando Manuel Vilarinho, que trouxe Luís Filipe Vieira, foi eleito, passou-se a ideia de que o Glorioso estava renascido e que iria agora tomar o seu devido lugar. Vilarinho saíu, entrou Vieira para a presidência e, mais uma vez, se clamava que o Benfica regressara. O campeonato bastante atípico, ainda que bravamente conquistado, de 2005, precedido da vitória na Taça de Portugal da época anterior, parecia assinalar uma vez mais o acordar do gigante atordoado. Contudo, durante os quatro anos seguintes continuámos a assistir ao passeio do poder Portista e a diversos "tiros no pé" por parte do nosso clube.


Depois, chegou Jorge Jesus ao Benfica. De imediato conquistou os corações dos Benfiquistas e guiou com competência um plantel que deixaria dúvidas a muitos ao título no seu primeiro ano. Era desta. Estava de volta a Águia e o Sport Lisboa e Benfica voltaria a ocupar o seu lugar devido. Não. O Futebol Clube do Porto, ou melhor dizendo, Pinto da Costa, estava ainda bem vivo e segurava ainda as rédeas todas - seguiu-se um "tri" Portista.
Vencemos o campeonato na época passada e temos na mão a possibilidade de um "bi", mas não se pense que tudo mudou. Aliás, esta campanha mentirosa do "colinho" encaixa perfeitamente na filosofia estratégica de Pinto da Costa, muito mais que na de qualquer Sportinguista, por muito que tenham vindo a ser usados como arma de arremesso contra os seus verdadeiros rivais. Só que Pinto da Costa está velho, já se nota, e é ainda uma incógnita se a máquina que montou à sua volta sobreviverá à sua "queda da cadeira". O que me parece um evidente sinal de Perigo é que esta campanha, aliada à forma natural demais com que um Luís Filipe Vieira, sem margem de manobra pessoal para outra decisão dados os seus próprios "esqueletos no ármario", negoceia e se alinha com Pinto da Costa. Quem os vir sentados à mesma mesa até poderá pensar que tudo o que se passou na História dos últimos 30 anos do futebol Português foi obra de ficção. A forma como Vieira parece estar algemado nesta situação é deveras preocupante. E este é que é, talvez, o derradeiro ataque de Pinto da Costa, antes de sair de cena, ao alvo que nunca conseguiu abater:


o Sport Lisboa e Benfica.

É que há que ter em conta o modo como um guerrilheiro pensa:

“O ódio como factor de luta: o ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona mais além das limitações naturais do ser humano e o converte numa efectiva, violenta, selectiva e fria máquina de matar. Os nossos soldados têm que ser assim; um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal.
Há que levar a guerra até onde o inimigo a leve: à sua casa, aos seus lugares de diversão; fazê-la total. Há que impedir-lhe de ter um minuto de tranquilidade, um minuto de sossego fora dos seus quartéis, e ainda dentro dos mesmos: atacá-lo onde quer que se encontrar; fazê-lo sentir uma fera acossada por cada lugar que transitar.”

(CHE GUEVARA, 1967)

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rematado às 11:35


Novelas à parte, um Grande joga assim

por Ao Colinho do Isaías, em 16.03.15

Estreia-se este espaço de remates do Isaías pelo e sobre o Sport Lisboa e Benfica com uma análise ao encontro importantissimo deste sábado, no Estádio da Luz, diante do Sporting Clube de Braga.

Como tem sido habitual esta época, este jogo começou muito antes das 17 horas do dia 14. Começou nos jornais, na internet, nos videos distribuidos pelos "Facebooks" e afins, mas começou também nas "bocas" mais ou menos infelizes atiradas pelas várias partes interessadas no mesmo. O SL Benfica está em primeiro, apesar das limitações no plantel que são conhecidas (especialmente em comparação com a época anterior), pelo que o circo à sua volta, cada vez que joga, é ainda maior. Ainda para mais tratando-se do SC Braga, que tem demonstrado genuínas ambições de progredir em direcção aos três maiores clubes, tendo contado tanto com parcerias com o SL Benfica como com o FC Porto para se posicionar desse modo, estando, pelo menos a nível futebolistico (pois não é de todo comparável no que concerne ao número de sócios e adeptos), a ameaçar a posição de um Sporting Clube de Portugal que parece afundar-se até institucionalmente e que nunca conseguiu fazer uso do bom trabalho construtivo que teve durante algumas épocas, por falta de paciência (não do Domingos, daquela outra).

Como disse, o jogo começou muito antes do apito inicial. António Salvador, a seguir ao jogo com o Porto, no qual um Braga muito contido saíu derrotado por 0-1, disparou na direcção do líder do campeonato (mas mais na direcção do seu próprio balneário e treinador), dizendo que tudo iriam fazer para vencer na Luz na jornada seguinte. Muito se falou sobre isso, acusando-se o Braga de anti-Benfiquismo e pró-Portismo - acusações que são, apenas parcialmente, fundamentadas. O SC Braga não tem, a meu ver, nem uma coisa nem a outra, tem é ambição; tem de se movimentar entre os dois maiores clubes da actualidade e fazer um jogo diplomático que tente agradar a Gregos e Troianos, ao mesmo tempo que se vai afirmando em Portugal e tentando ganhar alguma experiência e visibilidade europeia também, tendo já feito excelentes campanhas europeias há umas épocas atrás. António Salvador até pode ser portista ferrenho, acredito que o seja, mas ele sabe que não pode excluir o SL Benfica das suas boas relações se quer continuar a ver o SC Braga a crescer. Uma coisa é a esfera pessoal, outra é a institucional. A meu ver, quer se considere que as palavras de António Salvador foram escolhidas com infelicidade ou que foram os jornalistas quem fizeram delas controversas, o presidente do Braga quis foi não deixar que a sua equipa entrasse em declínio futebolistico depois de se ter colocado em tão excelente posição. Mal ou bem, estiveram quase a conquistar um ponto em casa e perderam perto do fim. Com um jogo no Estádio da Luz ali tão próximo, é óbvio que o seu discurso externo se tratou de um clamor interno para não deixar que a sua equipa e o seu treinador desanimassem. Qualquer equipa com ambição deseja ganhar ao SL Benfica, por ser o maior e melhor clube, o exemplo Português do que é SER um gigante (mais que parecer) e o Braga não é excepção.

Rui Gomes da Silva ou foi extemporâneo na sua resposta, por ter confundido o discurso interno nos "media" com o discurso externo, ou foi astuto e "malandro". Ou confundiu o pessoal com o institucional ou entendeu o estado actual da equipa bracarense e lançou o dardo. O que transpareceu na comunicação social foi que o Presidente do SC Braga tinha dito a todo o SL Benfica que tudo ia fazer para os fazer perder o campeonato, quando o que ele fez foi dizer à sua equipa para tudo fazer para ganhar aos Campeões, dado que estiveram tão perto de empatar em casa com os Terceiros. Rui Gomes da Silva feriu, com ou sem intento, o orgulho de um clube em ascensão e de uma equipa que estava a perder forma. Por isso é que Sérgio Conceição reagiu daquela maneira. Até pode ter-se sentido, genuinamente, ofendido com o que fora dito implicitamente, mas a sua reacção denotou que ele percebeu que o fraco jogo do Axa (no qual quase saía com um ponto, ainda assim) foi fruto de um declínio de forma na sua equipa - talvez fruto da pressão do que se começa a exigir deste SC Braga. Ele sentiu que aquelas palavras só iriam prejudicar a recuperação psicológica e até física que ele queria fazer na equipa para se apresentar competitivo na Luz.

Depois, António Salvador tentou aparar o golpe, virando, pouco elegantemente, o "bico ao prego" e afirmando que o acusador até era sócio do SC Braga e que as suas palavras só iriam motivar a equipa para ganhar no Estádio da Luz. Esta resposta visava precisamente o mesmo que as suas primeiras declarações: tentar inverter, através de uma grande exibição e, talvez, resultado perante os Campeões em título e líderes do campeonato, o momento de forma da equipa.
Contas feitas, Rui Gomes da Silva ganhou a parada, especialmente pelo quanto conseguiu desestabilizar o treinador Sérgio Conceição. Não foi, no entanto, uma atitude institucional apropriada, pelo menos no que se refere aos valores do Sport Lisboa e Benfica - há outros clubes onde isso seria visto até como uma atitude louvável.
Não sendo grande apreciador de Luís Filipe Vieira, pessoalmente, compreendo a boa recepção que foi dada a António Salvador. Afinal, há que ter presente que não é só o SC Braga que tem beneficiado com as boas relações com o SL Benfica. O próprio Benfica já fez boas contratações em Braga e, como se sabe que a bolsa vai apertar nos próximos anos, provavelmente terá oportunidade de fazer mais e a um preço mais acessível que ir ao estrangeiro.

Apareceram também, e como é costume, as dúvidas em relação à neutralidade do árbitro - um pouco provocado pelo próprio, naquilo que é uma irresponsável utilização de uma rede social nas vésperas de um jogo já de si bem "aquecido". Enfim, estava tudo montado para uma grande assistência televisiva e, claro está, uma lotação esgotada na Catedral - tal só não aconteceu porque o SC Braga, apesar de, como referi, futebolisticamente ter vindo a aproximar-se dos "três grandes", ainda lhe faltam sócios e adeptos para "dar o salto". Cerca de 500 adeptos numa partida perante o primeiro, com a equipa ocupando o quarto lugar, é muito, muito pouco para um clube grande.


Perante estas novelas todas, lá se desenrolou o jogo - e que jogo! Que exibição do Sport Lisboa e Benfica, levado cada vez mais ao colo pela Onda Vermelha! Um SC Braga fragilizado psicologicamente não conseguiu soltar-se. Perdia a bola rapidamente diante da ambição e agressividade do meio campo Benfiquista e encontrava-se, continuamente, em postura defensiva. Quando tentou soltar-se, resumiu-se, insistentemente, à procura da velocidade de Pardo, na tentativa de explorar as debilidades defensivas de Eliseu. Só que até o açoreano esteve concentradissimo, quase sempre na antecipação, usando mais inteligentemente do que se tem visto o seu posicionamento defensivo para secar o seu flanco. Até deu para se aventurar lá à frente e aparecer, após algumas tentativas, para fazer o golo da tranquilidade.
Jonas demonstra jogo após jogo que é um avançado muito acima da liga Portuguesa e que representa o melhor negócio do SL Benfica deste século XXI, atrevo-me a dizer. Um jogador dispensado por um clube que tinha acabado de gastar mais de meia centena de milhões de Euros a reforçar-se precisamente no Sport Lisboa e Benfica, que chega e imediatamente se sobressai, pela visão de jogo, pela técnica, pelo sentido posicional e, claro está, pelos golos.


Nico Gaitán é o astro deste campeonato e que é muito melhor quando ocupa os espaços da posição 10 que os de extremo - e é, ainda assim, um dos melhores extremos deste campeonato, se não o melhor.
Sálvio apareceu quando se lhe pedia, sem medo, com raça, com a vontade de transportar a bola que se lhe reconhece.
Samaris foi uma parede no meio campo, contando com Pizzi para lhe dar sempre uma linha de passe para a frente, quando precisou. Maxi foi Maxi, o que é sempre imenso e o Luisão Capitão esteve tranquilo ao lado do seu comparsa Jardel. Lima foi importante na movimentação da equipa, mas começa a revelar algumas lacunas psicologicas perante as exibições de luxo de Jonas. Posso estar enganado, mas dá-me a ideia que o Lima fica nervoso em demasia quando Jonas brilha. Uma situação a acompanhar.

Em resumo, o SC Braga jogou, portanto, ainda pior que no Axa e perante uma equipa do SL Benfica que jogou muito mais que o FC Porto nessa partida. Confirma-se a quebra de forma nesta equipa, que agora parece ter visto o terceiro lugar fugir-lhe de vez - a não ser que se assista a novo cataclismo para os lados de Alvalade.
Para o Sport Lisboa e Benfica, as más notícias são a exclusão de Gaitán para a visita a Vila do Conde, mas já vencemos equipas em melhor momento sem a magia do Argentino.

Para continuar a vencer, a equipa do Sport Lisboa e Benfica tem de continuar a ser levada ao colinho pelos Benfiquistas...

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 e pelo Isaías! :-)

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rematado às 13:16




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