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Como quem acompanha o futebol (não só a Liga Portuguesa, mas outros campeonatos por essa Europa fora também) sabe, quem define o objectivo de ser campeão não pode vacilar com as equipas de menor valor que a sua. Os encontros entre "iguais" são sempre uma incógnita, muitas vezes repletos de surpresas e desenlaces inesperados, mas os encontros perante equipas de menor capacidade futebolística são os que definem, em grande parte das vezes, os campeões finais. Sempre defendi isto: de que serve ganhar derbies ou clássicos se se perdem pontos com quem se tinha a obrigação de vencer?
Quem viu o Benfica do início da época (depois do desastroso planeamento da pré-época) e quem o vê agora, percebe que são duas equipas distintas. Aliás, corrija-se, um era um conjunto de jogadores e este agora, uma EQUIPA, unida pela vontade de Vitória (o objectivo e o treinador, simultaneamente). Um Benfica que conseguiu construir um estilo de jogo que tem dado e dará muito poucas hipóteses a equipas de menor valor que o seu. Tem cumprido a sua quota, tem feito a sua obrigação e não mais se sentiu abalado.
A isto, não é estranho o factor pressão. É que depois de perder por três golos na Luz com o Sporting, o Benfica tinha tudo a reconstruir. O Sporting, por seu lado, tinha tudo a provar - é que não basta golear o Benfica para ser campeão. O Presidente do clube de Alvalade sabe (e disse-o) que encontrou um clube sem mentalidade vencedora. No entanto, por não ser (considero-o eu, opinião pessoal) uma pessoa muito inteligente (compensando essa lacuna com emotividade, demasiadas vezes, pueril), Bruno de Carvalho tem colocado sobre o seu clube, sobre si, sobre o treinador (que já de si tem a pressão de ter vindo directamente do maior rival) e sobre o plantel, toda a pressão de ter de provar o seu valor (por muito que para Jesus isso sejam "peaners").
Note-se: até Dezembro, o Benfica tinha o campeonato perdido. Só podia trabalhar para melhorar o seu jogo e tentar qualquer coisinha que salvasse a época. O Sporting tinha a vela içada e navegava pelo campeonato como se já fosse Maio. Só que um tinha pressão e o outro não. Tal como a recente recuperação do Porto demonstra, este será o factor decisivo neste campeonato: a pressão. O Sporting escolheu mal a sua estratégia emocional, pois, como afirmei na altura em que Jesus foi confirmado em Alvalade, nunca iria ter um plantel esta época para ser campeão "de caras" - e o facto é que não o tem.
Ontem o Benfica cumpriu, diante de um União da Madeira que lhe roubou dois pontos e três ao Sporting, mais um passo do seu caminho, sem pressão. O Sporting, por sua vez, terá ainda dez jogos pela frente em que jogará contra o adversário da jornada e contra si mesmo, a sua emoção e o seu incontrolável (ou descontrolado neste momento, direi) desejo de ser o que o Benfica é - tal como escrevi certo dia, é um síndrome de "destino roubado". O Porto, que regressou à luta em plena Luz, dá a ideia de estar a correr algo coxo, sim, mas vai conseguindo acompanhar o ritmo do pelotão, à espera de uma oportunidade: saberá agarrá-la, se surgir?
Tudo se irá decidir com o factor pressão.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
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