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Entrevista a Rui Vitória n'A Bola

por Ao Colinho do Isaías, em 24.05.16

http://redpass.blogs.sapo.pt/rui-vitoria-na-bola-1073242

 

Entrevista a Rui Vitória, que respondeu de forma serena e ponderada de alguns dos temas desta época do Tri. Alguns apontamentos para reflectir, outros para digerir, outros para usufruir - cada um à sua forma, à Benfica.

 

O mérito de Rui Vitória na vitória desta época futebolística é inegável. Inegável é, também, o mérito e fundamento da crítica que lhe fora dirigida até certa altura da época (excepto aos que entraram em campos de exagero, ridicularização e ofensa pessoal).

 

Agora que nos conquistou a todos pelo mérito, pela vitória, pela competência, desejamos que, juntos, consigamos construir sobre os alicerces desta época e que o rumo seja mantido, com coerência e transparência.

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rematado às 14:36


Reflexões sobre o SC Braga e a História do futeluso

por Ao Colinho do Isaías, em 23.05.16

As aspirações de António Salvador em promover o seu Sporting Clube de Braga para um estatuto superior são perfeitamente legítimas. É um homem ambicioso e claramente dedicado ao seu clube, quer se goste dele ou não.

Depois da habitual ironia caustica antes do jogo, em que achou bem lançar umas "bocas" aos rivais que não estavam na final, o presidente do FC Porto tem mantido um estranho e constrangedor silêncio após a derrota. É que vejamos: Pinto da Costa surgiu no Futebol Clube de Porto como o arauto de uma necessidade de combater o "imperialismo" Lisboeta, em particular do Sport Lisboa e Benfica (apenas porque era o que mais ganhava na altura, nada mais). Tomou de assalto o poder no seu clube (literalmente, como se sabe) e desde então que mantém o seu discurso coerente (apesar de absurdo) no qual afirma que o FC Porto é a "alternativa do norte ao centralismo do sul".

É óbvio, para quem tiver olhos para ver sem ser turvado por clubismos ou sentimentos regionalistas, que este discurso não tem sentido. Em primeiro lugar, o Sport Lisboa e Benfica não é um clube imperialista ou centralista, é sim um clube com uma ética de esforço e superação Histórica que lhe permitiu obter imensas vitórias, o que o torna num clube cativante - daí ser o clube com maior número de adeptos, não só em Portugal. De notar que o Benfica surge sem qualquer ideia de identificação local ou regional. Tinha o nome de Lisboa, tinha o nome de Benfica, mas não queria suportar-se numa representação local ou regional. Sempre quis ser maior e abrangente, recusou sempre definições que o limitassem ao local do seu nascimento, apesar de nunca renunciá-lo.

Pelo contrário, é o Sporting Clube de Portugal que nasceu desde logo com o intuito de ser representante (qual "clube único") de uma ideia de união nacional em torno de um clube que fosse a bandeira de Portugal no estrangeiro. A sua origem aristocrata e o seu mote fundador são sinais evidentes desse intento. O Sporting não contou foi com o facto de que a vitória, a glória e o carisma não são obtidos por decreto, nem tão pouco se compram. Deparando-se com um chato empecilho encarnado, com o nome pobre e plebeu de Benfica e que não negava a sua origem em Lisboa (ainda hoje é um problema para o Sporting ser associado a Lisboa no estrangeiro, por se considerar, à nascença, nacional), o clube de Alvalade procurou impôr-se pelo poder financeiro dos seus fundadores e pela ideia de que o que o Benfica tinha e conquistava, era, por direito inerente à sua condição de nascença, seu. Daí que tantos tivessem sido os jogadores e treinadores aliciados pelo Sporting após terem mostrado valor no Benfica - o Benfica não tinha o direito de ter os melhores, porque esses pertenciam ao Sporting por decreto.

Só que o Benfica, munido, como disse, de uma ética de esforço e superação incríveis, uniu-se sob a ideia de que o desporto era um mundo onde o poder político e financeiro não ditavam vencedores antecipados. Por isso é que, apesar de tantas vezes dado como ultrapassado ou derrotado, o Benfica se reergueu, sempre mais forte, pelo esforço e dedicação dos seus simpatizantes e sócios interventivos. O Sporting foi sendo consecutivamente atirado para segundo plano, quando julgava seu o direito de ser primeiro - é daqui que advém o sentimento dos Sportinguistas de que há um eterno "roubo" por parte do Benfica, a origem da questão é de que se trata de um "destino roubado", na realidade.


Posto isto, seria de esperar que o Futebol Clube do Porto, clube que nasceu para representar orgulhosamente a região da sua cidade, tivesse mais admiração pelo Sport Lisboa e Benfica que pelo Sporting Clube de Portugal - o que se verificou, de facto, durante décadas de rivalidade sadia e admiração mútua (como o provam, por exemplo, as inaugurações de ambos os Históricos estádios, tendo o Benfica participado na inauguração das Antas e o Porto na inauguração da Luz). Essa admiração advinha precisamente do facto de que o Benfica, à semelhança do Porto, era sustentado e engrandecido pelo orgulhoso trabalho dos seus sócios e não por uma ideia de direito à vitória, como era apanágio do Sporting.

Só que o Futebol Clube do Porto tinha, à partida, um limitador que não estava presente em nenhum dos outros dois clubes: a assumida representação da sua cidade como valor máximo da sua vontade de vencer. Este é que foi o verdadeiro limitador do FC Porto na sua ascensão perante o Benfica e o Sporting e não a adulteração histórica que Pinto da Costa promoveu, quando acusou os rivais de origem Lisboeta de vencerem pelo poder instituído. O que proporcionou a explosão vitoriosa do FC Porto após a chegada de Pinto da Costa e Pedroto foi que, com a liberdade da revolução, chegaram também "outras liberdades" a que o país não estava habituado e com as quais não sabia lidar. Nem todos os Portistas são Pintistas, por este motivo.

Assim, é de facto de estranhar que Pinto da Costa não tenha dado os parabéns ao Sporting Clube de Braga pela vitória na Taça de Portugal. O Braga é um clube do norte, da região que ele pretendia que o seu Porto representasse contra o "centralismo de Lisboa" e, por isso, uma parte de uma vitória sua, seguramente? Só que António Salvador e os Braguistas já há muito entenderam que para o presidente do FC Porto esse discurso de simpatia pelos outros clubes "do norte" só se aplica quando estes são subservientes aos interesses verdadeiramente centralistas de Pinto da Costa e, particularmente, só quando não ganham ao FC Porto. Há muito que se pode atribuir na promoção impressionante de clubes do norte à Primeira Liga, em particular daqueles possuidores de poucos sócios e de ainda menos recursos, a esta rede de interesses que ele soube montar, apelando a essa ideia de "clube único do norte", ao longo de quarenta anos do presidente do FC Porto. Já para não referir a adulteração e desrespeito dele para com a História do seu clube, o que, de fundo, envergonha os verdadeiros Portistas em relação a Pinto da Costa.

O SC Braga tem aspirações legítimas e tem todo o direito de lutar e trabalhar por elas. Muitas vezes, o seu presidente é deselegante e tem tiques reprováveis. No entanto, o que verdadeiramente pode assustar Pinto da Costa e, talvez, os Pintistas mais atentos é que o Braga pode vir a ocupar um dia o lugar que já foi do "antigo" FC Porto: o Braga é um clube com uma imagem muito menos fustigada pela atitude polémica e belicosa que deu força ao Porto e pode, por isso, se se mantiver por muito mais tempo o naufrágio Portista como nos últimos três anos, passar a ocupar a posição de grande clube da região. Ainda para mais, com cada vez mais interesse gerado, mais adeptos e mais sustentada e sólida presença na Europa... Grão a grão...

Só espero que o Sporting Clube de Braga, se de facto vier um dia a cumprir essa profecia, não lhe siga o exemplo. Penso que os Braguistas também não o desejam.

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rematado às 14:12


A 7ª assombrada pela saída do Nico

por Ao Colinho do Isaías, em 23.05.16

Alegria pela conquista de sexta-feira, a 7ª Taça da Liga, demonstrando, de novo, que é nosso o melhor ataque desta época...

 

 

 

mas tristeza pela saída confirmada de Nico Gaitán. Sim, ele merece melhor contrato e sim, o futebol hoje em dia é feito de despedidas para clubes sem condição financeira para controlar o mercado de transferências. Ainda assim, há muito de romantismo "à antiga" na despedida do nosso Nico, daí o momento especial. Aquelas lágrimas não são de crocodilo, mas sim de uma águia rubra que voou com a mística de um clube que, tal como ele, nasceu pequeno num cantinho incerto de uma grande cidade, mas fez-se gigante de coração, com o qual se superou para chegar à vitória, à glória e ao reconhecimento.

 

Força Nico! Volta sempre.

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rematado às 09:10


O pecado verde da Oliveirense

por Ao Colinho do Isaías, em 19.05.16

Verde é uma côr popularmente associada tanto à inveja como à esperança. O que define em qual dos pólos se enquadra a côr num determinado momento, depende somente do intento de quem com ela se identifica, do sempre todo-importante contexto.

 

Coincidentemente, nesta época futebolística, o clube mais identificado com essa côr, o Sporting Clube de Portugal, identificou-se com ambos os pólos que a côr verde transmite popularmente.

 

  • Foi de inveja quando, uma vez mais na sua História, considerou que para ser grande como o Benfica teria de ter consigo um pouco de Benfica. Levou então Jorge Jesus para Alvalade.

  • Foi de esperança quando, munido do ex-treinador Bi-Campeão pelo clube da Luz, considerou-se, justificadamente, candidato ao título nacional de futebol.

  • Foi de inveja quando, tendo vencido o primeiro assalto de um combate longo que seria sempre ganho aos pontos, se vestiu da capa sobranceira que define os pequenos e fez "pirraça" ao adversário dorido.

  • Foi de esperança quando, mesmo quando as exibições da equipa não estavam ao nível desejado, conseguiam ir ganhando os seus jogos, ganhando distância.

  • Foi de inveja quando, perante equipas que lutavam para não descer, perderam pontos inescusáveis e viram o seu adversário, outrora ferido, erguer-se de novo.

  • Foi de esperança quando, tendo feito uso da janela de transferências, reforçaram a defesa e reequilibraram a equipa para manter o primeiro lugar.

  • Foi de inveja quando, tendo cedo saído das competições europeias (tanto da grande como da pequena), olharam com desdém para o que o seu adversário ia amealhando, bem ou mal, pela Europa.

  • Foi de esperança quando viram o rival nortenho relançar-se à luta vencendo na Luz, deixando novo encontro, agora decisivo, marcado para sua casa, em Alvalade.

  • Foi de inveja quando no seu próprio campo, foi o adversário que outrora haviam ferido a vencer, escusando-se o Sporting ao reconhecimento do mérito oposto e dos erros próprios, refugiando-se na "sorte" e no "azar".

  • Foi de esperança quando, parecendo ultrapassar as suas jornadas com vitórias mais ou menos fáceis, até ao minuto 90 no Bessa viram-se na frente uma vez mais, até Jonas, a figura-mor do plantel actual, marcar um golo ao alcance só dos melhores e voltar a colocar o Sport Lisboa e Benfica na frente.

  • Foi de inveja quando só falaram do clube da Luz ter dificuldades no jogo seguinte, quando os de Alvalade iam jogar perante equipas teoricamente mais difíceis, acusando o rival de soberba e euforia que eles - e só eles - vestiram a época toda.

  • Foi de esperança quando marcaram primeiro na jornada das decisões, passando para a frente, eufóricos de novo... durante 3 minutos, até Gaitán fazer explodir a Luz.

  • Foi de inveja quando, tendo cantado a (Rui) Vitória no "Bailando", saíram tropeçando na pobre relva de Alvalade em segundo lugar, ostentando a desresponsabilização e frustração que só os fanfarrões demonstram no momento da derrota.

 

O Sporting Clube de Portugal, clube enorme e principal rival Histórico do nosso Glorioso Sport Lisboa e Benfica, foi, no futebol, todo este verde esta época.

 

Ora bem, ontem, eu que nem sou adepto do Basquetebol, apanhei na BTV a "negra" das meias finais do campeonato nacional da modalidade, que opunha o Sport Lisboa e Benfica à União Desportiva Oliveirense. Que grande jogo fez o nosso adversário! A espaços foi brilhante e conseguiu dominar o tetra-campeão no pavilhão da Luz.

Ao fim do 3º período, lideravam o marcador por 10 pontos, vantagem considerável. Podiam ter optado aí, se quisessem escolher o verde como inspiração, essa côr como símbolo da esperança, legítima, de derrotar o campeão no seu próprio pavilhão! Só que foi o inverso, pois foi nesse momento que sobressaiu o pecado verde da Oliveirense:

 

«E quem não salta é Lampião».

 

Este cântico não só define a tal inveja verde, patente no clube nosso rival, como desliga o apoio ao próprio para que se altere o foco para o adversário. Deixa de ser uma vontade de ganhar, para ser uma vontade de que o Benfica perca. Ainda por cima numa época como esta, os adeptos do clube de Oliveira de Azeméis deviam saber que isso iria virar-se contra a sua equipa no pavilhão do Sport Lisboa e Benfica.

Resultado? O Benfica fez um 4º período inacreditável, recuperou da desvantagem, esteve na frente e só foi a prolongamento porque Cook falhou o último lançamento. Após dois brilhantes prolongamentos (em que não mais se ouviu o tal cântico - provavelmente por se terem apercebido do efeito contrário que provocara) o campeão superou o seu adversário e conseguiu chegar, por dois pontos, a mais uma final.

(Não encontro um vídeo com o resumo do jogo. Assim que encontrar, coloco aqui)


O jogo de ontem lembrou-me a brilhante final da "Liga dos Campeões" do Hóquei em Patins, também contra a Oliveirense. Da mesma forma, a União Desportiva Oliveirense teve o jogo na mão. Só que foi a equipa (e principalmente por culpa do seu treinador, o conhecido Portista Tó Neves), que se desmoronou em insultos ao árbitro, ao público, ao banco do seu adversário, quiçá, insultos à própria divindade de que é crente (se o for de alguma). Essa postura desmontou uma equipa que tinha o jogo controlado, perante um Sport Lisboa e Benfica que não conseguia juntar dois passes seguidos. Tó Neves teve a esperança, perfeitamente legitimada pelo que se passava no ringue, de conquistar o troféu, mas deixou que, à mínima contrariedade, se desfizesse em inveja. Eu não percebo o suficiente, tecnicamente, de Hóquei para poder afirmar se Tó Neves tinha ou não razão nas suas queixas. O máximo que consigo ver é se empurrou ou não, se lhe deu com o stick ou não. No entanto, todos os campeões têm momentos em que são prejudicados - pelo árbitro ou até pela sorte - e o que os faz ou desfaz é a reacção a esses momentos.

 

Este foi, para ambas as modalidades, o pecado verde da União Desportiva Oliveirense.

 

Parabéns às equipas de Hóquei e Basquetebol do Glorioso e muita força e confiança no Andebol e Futsal. Contamos convosco!

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rematado às 11:27


Há muito do 30 no 35!

por Ao Colinho do Isaías, em 16.05.16

O Glorioso Sport Lisboa e Benfica sagrou-se ontem tri-campeão nacional da I Liga, tendo conquistado o seu 35º título.

Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.


Intensos como poucos, os adeptos Benfiquistas são, por norma, extremamente supersticiosos e preservam, com ou sem vontade, com prazer e com sofrimento, muitos fantasmas da História do seu clube. Esta comparação que aqui farei, apesar de positiva, não deixa de pertencer à categoria dos fantasmas, pois as boas memórias (como a do 30º em 1993/94) que os Benfiquistas guardam são, também, como se viu até 2004/05, uma assombração quando surgem distantes no tempo.

 

Muitos Benfiquistas, crentes na vitória final neste campeonato, particularmente a seguir à vitória em Alvalade, não deixaram de temer outro "fantasma", o de Kelvin há 3 anos, por exemplo, ainda que o escondessem em gritos de apoio a esta equipa que acabou por fazer História.

 

Este 35º tem, assim, muitas semelhanças com o 30º, conquistado em 1993/94, ainda que com as devidas diferenças, obviamente. Em primeiro lugar, em 93/94 o FC Porto estava mais forte, tendo mesmo roubado o segundo lugar ao Sporting no sprint final. Depois, ao invés de dois jogadores importantes terem rumado a Alvalade, foi sim o treinador bi-campeão, muito querido entre os adeptos por motivos que já enumerei anteriormente, a partir para o Sporting e o vice-capitão, com oito épocas de Águia ao peito, a rumar ao FC Porto. Também importante diferença é a situação financeira entre as duas épocas: no 30º, o Glorioso começava a sentir um afundamento que, como não foi invertido, muito pelo contrário, por Manuel "Coveiro" Damásio (por muito que seja convidado a aparecer em eventos do Benfica, jamais se livrará da memória do que fez de mal ao nosso clube - outro dos "fantasmas" que mencionei), provocou um naufrágio que durou uma década.

Foi, por isso, e em semelhança ao campeonato da época 1993/94, uma vitória do Sport Lisboa e Benfica perante um intenso ataque dos seus rivais, com as diferenças contextuais apontadas.

 

 

Rui Vitória começou mal a época. Sim, muito por culpa da pré-época desastrosa com as malas às costas no continente Americano, mas também devido a não ter sabido, na altura, exorcizar dos seus jogadores, dos adeptos e, talvez, de si próprio, o fantasma de Jorge Jesus, que teimava em subsistir nas sombras do mundo Benfiquista como um papão. Benfiquista como é, Rui Vitória deveria ter tido a noção do que é a mentalidade Benfiquista e do seu inconsciente apego aos "fantasmas". Em sua defesa se deve apontar a sua falta de experiência no contexto de um clube da dimensão do Benfica, sendo que a estrutura do clube lhe deveria ter proporcionado essa ajuda, o que não aconteceu. Vitória permitiu, pelo seu relativo silêncio e discurso repetitivo, que o seu trabalho estivesse sempre refém das impressões digitais do seu antecessor.

As ideias de Rui Vitória são diferentes das de Jorge Jesus. O facto de ambos terem optado por um 4-4-2 no Benfica, não as torna semelhantes, de todo. Nenhum dos dois inventou esse esquema táctico, nem tão pouco o jogo interior dos extremos que acabou por impulsionar a equipa para uma classificação nunca vista. Com Rui Vitória viu-se maior controlo emocional nos diversos momentos de jogo, maior cautela, maior pragmatismo num futebol mais prático (assim que os fantasmas foram, por fim, exorcizados). Viu-se também uma preocupação, de base, em utilizar o trabalho de muitos anos que se tem feito no Seixal - ponto fundamental para a sua contratação.

Rui Vitória foi criticado - e com razão! - no momento em que precisou de o ser, porque o Benfica é exigência, uma casa onde se aprende vencendo perante os rivais mas também perante as limitações próprias. É agora - e com grande mérito! - elogiado pela extraordinária liderança que conseguiu impor de forma calma e convicta, levando a equipa à vitória final.

A semelhança desta 35ª conquista do campeonato nacional com a 30ª reside no ataque sem tréguas do Sporting que, uma vez mais, tal como em 1993/94, tendo derrubado o seu odiado rival no primeiro assalto, tratou de o querer humilhar, de se regozijar com a conquista que ainda não tinha atingido. O 0-3 na Luz aplicado pelo Sporting, perante as exibições do Benfica que a antecederam tão manchadas pela dúvida em relação ao valor de tudo o que envolvia a equipa, em particular Rui Vitória, foi esse tal momento do knockdown (utilizando linguagem do boxe).

«Está ganho!» - ouviu-se do outro lado da 2ª Circular. Essa curta ideia após a vitória na Luz acabou por servir o propósito de (consegue perceber-se agora, à distância) retirar de Rui Vitória o peso da expectativa por parte dos adeptos e deixá-lo trabalhar as suas ideias "em sossego". Aos poucos e poucos, o Benfica lá ia ganhando, melhorando aqui e ali, fazendo exibições excelentes como a de Madrid, alternadas com a pobreza na Madeira diante do União.

Foi, no entanto, na conferência de imprensa de resposta às "postas de pescada" em que foi acusado de "não ser treinador", que Rui Vitória tomou, finalmente, as rédeas da equipa, exorcizou das suas mentes Jorge Jesus e uniu os adeptos à sua volta. A partir daí, só o FC Porto travou este Sport Lisboa e Benfica a nível nacional, na melhor exibição da época da equipa azul e branca, colocando um carácter decisivo estampado no jogo de Alvalade.

 

Neste momento, devo lembrar que o Sporting teve 8 pontos de avanço sobre o Benfica, a dada altura. 8 pontos de avanço e perderam 10, 3 dos quais nesse jogo em Alvalade. Mesmo se excluíssemos os erros de arbitragem que favoreceram o Sporting (e não foram poucos, até fora de campo, como o caso "Cotovislam" Slimani), que justificação sobra aos responsáveis pelo Sporting, e a Jorge Jesus em particular, para a perda de 10 pontos de uma super-equipa como o treinador disse que a sua equipa era? E isto sem contar com as falhas de arbitragem que favoreceram o Sporting! Será que Bryan Ruiz não tem qualquer responsabilidade na perda desses pontos, falhando dois golos no derby, um de forma escandalosa? É que os adeptos do Sporting devem entender (e muitos entendem-no, há que dizê-lo) que quando os Benfiquistas criticaram Rui Vitória, fizeram-no com o mesmo amor ao clube que quando agora o elogiam - ou seja, é na identificação das responsabilidades próprias que reside a força para se transformar uma derrota em vitória. Nunca os Benfiquistas no geral se focaram no Sporting (por muito que os responsáveis do emblema do leão o quisessem e tentassem, pela provocação), mas sem dúvida que o Sporting se focou inteiramente no seu ódio irracional ao Benfica e, em particular, nas vitórias da Supertaça e no 0-3 na Luz. O 0-1 em Alvalade foi, mais que um balde de água fria, uma reviravolta emocional no campeonato. Do «Está ganho!» passou-se ao «somos a melhor equipa» e «eles têm sorte».

 

A cada vitória do Benfica na longa caminhada entre Alvalade e a 34ª jornada, o desespero leonino foi crescendo, por perceberem que tinham dado, uma vez mais, historicamente, um tiro no próprio pé - tal como em 1993/94 com Sousa Cintra e o despedimento de Bobby Robson. Imagine-se se nos anos 90 houvesse Facebook e os jornais online como agora. Sim, Sousa Cintra teria feito algo parecido a nível de comunicação contra o Benfica, não tenho dúvidas.

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A postura de Jorge Jesus na conferência de imprensa a seguir ao jogo em Braga fez-me lembrar a de Sérgio Conceição no final da Taça de Portugal do ano passado: incapazes ambos de reconhecerem os erros próprios e os méritos dos adversários. É que Sérgio Conceição perdeu no Braga que orientava uma Taça de Portugal perante um Sporting que acreditou mais e soube ser humilde no jogo, tal como Jorge Jesus perdeu no Sporting um campeonato diante de um Benfica que soube ser prático e humilde durante a totalidade da maratona. Ainda por cima, Jorge Jesus saiu cedo das competições europeias e com resultados pouco dignos para um clube Português, muito menos para um da dimensão do Sporting. Jesus continua, portanto, refém de si mesmo: é dele o mérito, ganhe quem ganhar. Burro velho não aprende truques novos. É pena, porque poderia ser um dos melhores da Europa, mesmo tendo chegado tarde ao futebol de topo. Só que os jogadores sentem isto tudo, por muito que queiram ser profissionais - eles sabem que, para Jorge Jesus, só contam se lhe derem êxito. Fora isso, são meros joguetes nas suas mãos.

Rui Vitória, por seu lado, teve todo o direito, ao contrário do que alguns afirmaram, de dar uma resposta que até podia ter sido mais contundente ao treinador do Sporting que o tentou humilhar ao fim do primeiro assalto. "Quem não se sente não é filho de boa gente" e muito já o homem que existe por detrás da máscara do profissional de futebol teve de suportar. O seu comentário, lançado com a mesma serenidade de (quase) sempre na direcção do rival, foi um coup de grâce ao orgulho do seu homólogo rival, inteiramente merecido por este. Rui Vitória foi campeão com uma pontuação Histórica, sem Matic, Enzo Pérez, Cardozo, Di Maria, Saviola, Aimar, Garay ou Witsel. Foi campeão sim com Nélson Semedo, Renato Sanchez, Lindelöf, Gonçalo Guedes, Éderson e até, porque não incluir, Nuno Santos, Jovic e Clésio. Com este treinador, os jogadores sentiram-se o centro do jogo, o centro da equipa. O mérito sempre lhes foi atribuído.

Por muito que se possa apontar a Luís Filipe Vieira, ele é reconhecidamente, pela sua aposta ganha, o arquitecto do 35 e do tri-campeonato. Até o seu mais recente opositor o reconheceu, antes de terminar o campeonato e de se saber o resultado final da prova, que não faria sentido candidatar-se contra o actual presidente.

 

Com tudo isto, tenho de dizer que o Sport Lisboa e Benfica conquistou esta época, para o seu rol de fantasmas, mais um: da próxima vez que estivermos por baixo e nos quiserem humilhar, lembrar-nos-emos de 2015/16 e do célebre 35 conquistado por Rui Vitória.

 Que seja o primeiro de muitos!

 

Não sendo apreciador do estilo musical em si, penso que esta canção define muito do que foi a história deste campeonato:

 

E porque não terminar com um sorriso? :-)

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Actualização 16/Maio/2016, 21.23h:

Video que resume esta época, os altos e baixos, elaborado por Guilherme Cabral.

 

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rematado às 14:06


Renato Sanches no Bayern München

por Ao Colinho do Isaías, em 10.05.16

http://www.abola.pt/clubes/ver.aspx?t=3&id=611325

 

A SAD do Benfica comunicou esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter chegado a acordo com o Bayern para transferência de Renato Sanches por 35 milhões de euros.

O acordo prevê valores adicionais, num montante global de €45 milhões, dependentes da concretização de objetivos até 30 de junho de 2021.

O negócio poderá, assim, atingir os 80 milhões de euros previstos na cláusula de rescisão do médio de 18 anos.

Comunicado:

A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD, em cumprimento do disposto no artigo 24 8 º do Código dos Valores Mobiliários, informa que chegou a acordo com o Bayern Munique para a transferência a título definitivo dos direitos desportivos do atleta Renato Júnior Luz Sanches, pelo montante de €35.000.000 (trinta e cinco milhões de euros). Mais se informa que no acordo estão previstos valores adicionais, num montante global de € 45.000.000 (quarenta e cinco milhões de euros), dependentes da concretização de objetivos contratualizados e a ocorrerem até 30 de junho de 2021.

O Conselho de Administração
10 de maio de 2016

 

Dependendo se os objectivos são realizáveis (pois falta ainda esclarecer este ponto), o negócio poder chegar aos 80 milhões é excelente. Força Renato! Carregaste a equipa às costas numa altura em que estava vulnerável e sem pulmão. Serás sempre um dos nossos!

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rematado às 11:34


Nisto, todos os Benfiquistas deviam ser Inácios!

por Ao Colinho do Isaías, em 10.05.16

http://euvistodevermelhoebranco.blogs.sapo.pt/comunicado-aos-leitores-36013

 

Quase um ano depois da criação, hoje é o dia mais triste que este blogue já viveu. Chegou a nós uma queixa da Sport TV, através da vsports, acerca do conteúdo que aqui disponibilizámos nas análises aos jogos. Todo o material relativamente aos jogos do Benfica em gifs nos jogos fora de casa no campeonato e das Taças, teve de ser removido imediatamente, sem nada se poder fazer para evitar isto.

 

É triste que o maior canal de desporto, faça tão pouco pelo desporto em Portugal e apenas persiga tudo o que alguém reproduza na internet, vivendo ainda no século passado. Muito mais haveria para dizer, mas não tenho vontade para mais. 

 

Os gifs terão de acabar, não sei se utilizarei apenas imagens para tentar demonstrar algo, mas claro que não é a mesma coisa, nem pouco mais ou menos. Ainda deverei fazer a análise ao último jogo da Liga, pois os direitos são da BTV, pela última vez, já que para o ano os jogos em casa deverão voltar à Sport TV.

 

Aproveito para agradecer aos milhares de pessoas que por aqui passaram durante este tempo. Espero que esta edição de perto de 2000 gifs que aqui apresentei, tenha ajudado as pessoas a perceber melhor o futebol e o que se passa em campo. Nem eu, que fazia tudo o que podiam ver nas análises (tirando a imagem inicial), nem o blogue, ganhámos um único cêntimo com o que disponibilizámos no nosso blogue. Foram centenas de horas da minha vida que perdi, mas que valeram a pena. 

 

Um abraço. 

 

No que diz respeito à SportTV, todos os Benfiquistas deviam ser Inácios!

 

Não somente por esta absurda e mesquinha atitude - que é contra-producente, pois uma análise feita pós-jogo nada retira de exclusividade ao canal e aumenta o interesse nas transmissões (a não ser que o problema da SportTV seja querer ter o monopólio às análises ao futebol praticado, também!) - mas pela óbvia postura completamente parcial e anti-Benfica que este canal tem.

Não exagero quando afirmo que os comentários dos jogos transmitidos pela BTV gozam de uma imparcialidade de análise que não verifico nem em canais públicos, canais abertos ou canais pagos, por muito que alguns possam cegamente falar em clubismo da minha parte: ver para crer.

Seguramente que a postura da SportTV se alteraria imensamente assim que houvesse uma abrupta e gigantesca queda no número de assinaturas, com a renúncia massiva de todos os Benfiquistas a este canal.

No mundo actual, não há voto melhor que o do dinheiro: o que se paga, alimenta-se e continua a existir, o que se deixa de pagar... fica o pensamento!


Cada um só deve gastar o seu dinheiro naquilo que REALMENTE quer alimentar e manter...

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rematado às 09:27


É na tempestade que se conhece o marinheiro

por Ao Colinho do Isaías, em 09.05.16

Passada a tempestade ventosa que quase punha em causa a realização do jogo, apareceu a tempestade das adversidades que teimam em atravessar-se no caminho do Glorioso. Como bom marinheiro, Rui Vitória conseguiu, apesar delas, levar a bom porto a sua excelente tripulação em mais uma paragem rumo ao destino traçado.

 

Nesse ponto, Rui Vitória tem se revelado extraordinário: nunca treme, mesmo quando o vento que rodeia o Benfica abana a sua equipa. A equipa mudou a qualidade do seu futebol ao longo da época, mas ele nunca o seu discurso. Sempre calmo (excepto para dar breve resposta a quem o desrespeitou publicamente) e sempre coerente.

Pela parte que me toca, dou a mão à palmatória: fui dos que descreram da sua capacidade de liderança, da sua capacidade técnica para colocar a equipa a render. Enganei-me, com muita felicidade me enganei, em tudo isto.

 

Com uma inabalável convicção, perante a adversidade dividida entre um amarelo ridículo e uma atitude que só a juventude pode explicar, a equipa nunca perdeu a crença, reajustou-se, reencontrou-se e até se superou. Venceu o Marítimo que só não foi melhor porque a organização da equipa do Benfica não permitiu - esta é a realidade. Pouco mais há a dizer do jogo. Do campeonato, se fala no fim.

 

Falta uma final, agora a mais importante de todas. Falta uma, na Catedral!

 

Transformou o vendaval destruidor em vento favorável à sua vela içada.

É na tempestade que se conhece o marinheiro.

 

 

NOTA: Rápidas melhoras ao infortunado jogador Maurício. Quero também dar os parabéns aos campeões Iniciados. Cá vos aguardamos daqui a uns anos, para envergarem o manto sagrado.

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rematado às 09:18


Edifício que treme mas resiste, é mais seguro

por Ao Colinho do Isaías, em 03.05.16

Foi um fim de semana de dupla futebolada Benfiquista. Nesta recta final, com os nervos todos à flôr da pele, a equipa continua unida, determinada e bafejada pela tal estrelinha que só os campeões merecem. Trememos sim, mas temos sido sujeitos a um verdadeiro terramoto à nossa volta.

 

Edifício que treme mas resiste, é mais seguro que o que finge não tremer e tem as paredes a ruir!

 

Foi, por isso, com muito mais trabalho que estética que o Glorioso ultrapassou a barreira Guimarães para o campeonato e a barreira Braga para a Taça da Liga.

 

Quanto ao Guimarães: inacreditável postura de Sérgio "eu-já-fui-FCP-mas-agora-ninguém-gosta-de-mim-lá" Conceição. Uma frustração sem limites, um azedume típico de um perdedor que teve nas mãos um troféu o ano passado e deixou-o fugir em 5 minutos, que teve a oportunidade de levar um histórico Guimarães de novo à Europa mas culpa os jogadores por deixar escapar vantagens. Este treinador não só é pessoalmente baixo, como é um perdedor. Todo o mundo tem culpas no seu insucesso, nunca ele.

Ganhámos uma verdadeira batalha, mais que um jogo de futebol.

Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.


Quanto ao Braga: foi um jogo sem Jonas e outro com. Duas metades completamente diferentes, diferenciadas exactamente pela qualidade do nosso mais-que-goleador. Houve outra vez a choraminguice sem sentido em relação às arbitragens, desta vez de Paulo Fonseca (que até tinha estado bem composto aquando do jogo para o campeonato), mas nem uma palavra quanto à falha inaceitável (e não é a primeira) de um guarda redes deste nível.

 

Que venha mais uma final desta taça que ninguém quer e o Benfica acumula.

Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.

Vamos lá agora à Madeira, concentrados e determinados em dar mais um passo para o 35!

 

NOTA: Uma palavra para a extraordinária época do nosso Glorioso Andebol! Impressionante a ascensão desta equipa e o que já garantiu e tem possibilidade de garantir ainda. De excelência. À Benfica!

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