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Sei bem que o futebol de alto nível requer vários planos de jogo e vários momentos que uma equipa seja capaz de implementar. No entanto, no meu âmago, sempre fui adepto do futebol objectivo, do passe rápido, do drible simples, da jogada eficaz. Nisso os Alemães são historicamente os melhores.
Só que ontem foram Italianos. Sarri monta as suas equipas dessa forma objectiva, sempre inclinada para a frente e intensamente pressionante. Causar-lhe-á dissabores, como se viu nos últimos 15 minutos de jogo, se não conseguir alternar com outros planos mais de contenção, mas este tipo de futebol é, para mim fascinante.
Contudo, eu sou do Benfica e, infelizmente, o que temia aconteceu. O que o Nápoles conseguiu fazer em todo o jogo, mas em particular a seguir ao primeiro golo, foi tentar sempre colocar a minha equipa em contra-pé, fazendo-a correr pela bola e espreitando a abertura deixada por quem tem de procurar o golo. Faltou objectividade ao nosso futebol. Podíamos ter marcado antes e o resultado não espelha o nosso esforço, mas premiou a equipa que sempre teve, de peito aberto, a ideia de marcar (associado à noite desastrada do Júlio, infelizmente).
Que sirva de lição: a verticalidade objectiva (o passe para a frente com critério) ganha mais jogos que a posse de bola... especialmente quando não se consegue ter bola. Tal lição evidenciou-se nos dois golos (Guedes e Sálvio) com que conseguimos amenizar esta derrota - ambos obtidos com lances de futebol simples e verticais. Aliás, já tinha sido assim em Madrid na época passada.
Análise Eu Visto de Vermelho e Branco
Um jogo extremamente complicado, este em Chaves frente ao Desportivo local, no qual contámos com alguma estrelinha em momentos fulcrais, como as bolas no poste e o cabeceamento ao lado, mas também na forma como obtivemos o segundo golo.
Só que os campeões são isto: quando não conseguem superiorizar-se e são surpreendidos, não se abatem, jogam e ganham na mesma. Neste caso, foram dois livres, as Chaves do jogo!
Veremos quais dos grandes passam em Chaves...
Era indispensável vencer esta difícil partida diante do Sporting de Braga, numa jornada em que os dois habituais concorrentes ao título de campeão perderam pontos e dado que o próprio Braga, que intromete-se na luta por vezes, perderia também pontos, consequentemente.
A equipa esteve muito bem. Mesmo quando pressionada, não se desmontou e manteve a cabeça e a estrutura táctica. Gostei de ver a espécie de losango mais firmado, sendo que no vértice direito precisa de jogar Pizzi (quando mudou de lado, perto do fim, notou-se diferença no seu movimento) em vez de Sálvio. Contudo, entendo que Rui Vitória queira recuperar o Toto o máximo possível e, para isso, precisa de jogar e sentir-se confiante.
Os laterais, que tem sido muito criticados pelo que tenho lido por aí, estiveram impressionantes. Grimaldo, digam o que disserem, tem um cultura posicional madura e consciente. Depois oferece uma velocidade e técnica ao jogo que Eliseu não consegue dar.
Nélson Semedo fez o seu melhor jogo desta época, nunca comprometendo e saindo bem para o ataque, mostrando que o que é preciso é que a aposta seja firme e não uma questão de ocasião.
André Horta tentou encher o campo e esteve muito bem, sendo que deve aprender a dosear o seu esforço, pois acabou fatigado cedo demais. Guedes esteve bem, lutador e abnegado, mas falta-lhe alguma clarividência por vezes.
Fejsa é... Fejsa, indispensável. Nem se dá por ele de tão importante que é para o equilíbrio.
Os centrais saíram com pouco a apontar e Júlio César mostra que ainda "existe", que não é fama. Seria tão fácil para este senhor do futebol vir para Lisboa gozar um fim de carreira tranquilo, mas não é disso que o um campeão é feito. Parece trabalhar agora como quando começou.
Quem, no entanto, desbloqueou o jogo e serviu de farol ao golo foi Mitroglou. A intimidação que os centrais do Braga sentem com a sua presença não é de descurar, mas ele nunca complicou. Jogou de primeira, rematou de primeira, guardou a bola quando preciso - foi um autêntico pilar que sustentou o jogo ofensivo Benfiquista! E aquela bomba enroscada... teria sido tão fácil acertar "nas orelhas da bola" e aquele lance ter acabado na bancada! Saiu Mitroglicerina que nem um inspirado Marafona conseguiu suster!
Análise Eu Visto de Vermelho e Branco
Espero que haja bom senso e Benfiquismo e que esta notícia de A Bola acerca do campeonato de Futsal da época passada não seja mais que especulação. Caso contrário começamos a parecer quem mais criticamos!
Benfica vai pedir impugnação do campeonato 2015/201609:51h - 16-09-2016O Benfica vai avançar junto da Federação Portuguesa de Futebol com um pedido de impugnação do campeonato de futsal 2015/2016, ganho pelo Sporting - que bateu precisamente as águias na final do play-off. Na base desta decisão está um acórdão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), que deu provimento parcial ao recurso apresentado pelo clube da Luz na sequência da decisão da secção não profissional do Conselho de Disciplina da Federação, que no final de abril puniu os encarnados com pena de derrota no jogo com o Belenenses (9.ª jornada, a 31 de outubro de 2015) por transmissão diferida não autorizada da partida na BTV.
Entendeu o TAD que apesar de o Benfica ter violado a alínea c) do n.º 1 do artigo 80.º do Regulamento Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol - decidindo por isso manter a multa de 204 euros a que as águias foram condenadas -, a pena de derrota, prevista no regulamento, viola o «princípio da proporcionalidade previsto no artigo 7.º do Código de Procedimento Administrativo».
«O recurso à derrota-sanção para punir transmissões não autorizadas de um jogo na íntegra e em diferido não tem uma natureza necessária e adequada e apresenta-se como excessivo relativamente aos objetivos da entidade que aprovou o regulamento. […] Não se afigura necessário o recurso à derrota-sanção, motivo pelo qual a sua previsão na alínea c) do n.º 1 do art.º 80.º do Regulamento Desportivo da Federação Portuguesa de Futebol é excessiva», pode ler-se no acórdão a que A BOLA teve acesso.
A decisão do TAD é clara: «É dado provimento parcial ao recurso, revogando-se a deliberação do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol - secção Não Profissional - no processo n.º 68/15-16, na parte respeitante à aplicação da sanção ao SLB da derrota no jogo n.º 510.001.059 realizado com o Clube de Futebol Os Belenenses no dia 31/10/2015, às 16 horas.» O termo parcial é usado porque, como já escrevemos, a multa foi mantida pelo TAD.
A ARGUMENTAÇÃO DAS ÁGUIAS
Perante esta decisão, o Benfica vai agora avançar com o pedido de impugnação do campeonato, com base no argumento de que a competição foi desvirtuada, «por terem participado no play-off equipas que não deveriam lá estar», segundo avançou ao nosso jornal fonte do emblema da Luz. É verdade que para os encarnados a perda de três pontos não causou dano de maior - acabou a fase regular no segundo lugar, como acabaria mesmo que não tivesse havido a decisão, só que com menos três pontos.
Mas também é verdade que com a atribuição da vitória ao Belenenses, o clube do Restelo acabou por ficar à frente do Leões de Porto Salvo - porventura o maior prejudicado com este caso -, que deverá muito em breve pronunciar-se sobre esta decisão do TAD, que é apresentado no acórdão como «contrainteressado».
A QUESTÃO DO 8.º LUGAR
Para melhor se perceber como a decisão do Conselho de Disciplina afetou a luta pelo 8.º lugar, fazemos um breve resumo do que aconteceu nos dias que antecederam a última jornada da fase regular da 1.ª Divisão de futsal - quando se soube da punição ao Benfica e da consequente atribuição dos três pontos ao Belenenses.
Azuis e Leões de Porto Salvo estavam, antes de ser conhecida a sentença do CD, separados por apenas dois pontos - a equipa do Restelo à frente, no oitavo posto. Depois de sair a decisão, os azuis ficaram com cinco pontos de avanço e com apenas um jogo por disputar o Leões perdia a possibilidade de lutar pelo acesso ao play-off. Na última jornada o Belenenses acabaria por perder, em casa, com o Quinta dos Lombos (3-5) e o Leões de Porto Salvo ganhou ao São João (5-3). No final da fase regular os de Belém acabaram no 8.º lugar com 32 pontos, os de Porto Salvo em 9.º, com 30. Ou seja, sendo a sentença do CD revogada pelo TAD, o Belenenses terminaria com 29 pontos, ficando, por isso, fora do play-off.
Tendo em conta que o Sporting acabou por defrontar o Belenenses nos quartos de final (o 1.º da fase regular joga sempre com o 8.º), entende o Benfica que o adversário dos leões teria de ser o Leões de Porto Salvo, pelo que defende ter sido desvirtuada a competição. E claro, falta saber a reação do emblema de Porto Salvo, o maior lesado nesta situação, porque a ausência do play-off acarreta sempre perdas a nível financeiro…
O Sporting saiu vencedor mas poderia ter sido o Benfica, dado que ambos disputaram a final. Nesse caso, como seria? Estaria tudo bem? O resultado em causa não foi num dos jogos da final, nem sequer dos play-off. A discussão do 8º lugar não me parece matéria para que se envergonhe a réstia de desportivismo e bom senso que ainda possa existir.
Se isto avançar, será absolutamente vergonhoso. Uma coisa será pedir uma compensação à federação (especialmente para os Leões de Porto Salvo, os maiores lesados) e garantir que as regras do campeonato contemplam estas questões de outra forma doravante. Outra será tentar obter uma vitória que se perdeu no pavilhão à melhor de 5.
Repito: espero que seja só especulação por parte da comunicação social!
A atitude do Talisca ontem, ao marcar o golo do Besiktas na Luz, apenas meses depois de ter celebrado o tricampeonato com o Benfica, provocou das mais variadas reacções. Uns condenaram veementemente, outros disseram que era uma situação normal.
Há uns dias atrás, houve um post no NGB, do Redmoon, que constatou algo óbvio. Pareceu-me que o Redmoon, no entanto, não aprofundou os motivos que tornam evidente esse estado de coisas.
Não tenho pretensões de o conseguir fazer plenamente, mas, pelo menos, tentarei colocar alguns pontos para debate, de modo a permitir que se chegue a alguma ideia mais clara.
A verdade é que, para o adepto, um profissional de futebol não é só um empregado que presta um serviço a troco de um salário. É parte de uma família. Por muito irracional que isso seja, é uma necessidade do ser humano saber com que pessoas contar, em que pessoas confiar. É irracional, porque os "profissionais" (sejam da bola ou de outra coisa qualquer) estão inseridos num mundo de egocentrismo mercantil e narcisista, estimulados por todos os lados para obter mais e mais rendimento, dê por onde der. Mesmo quando há uma quebra dessa confiança, a necessidade que mencionei é tão forte que se adaptam as leituras das circunstâncias, por forma a manter mais ou menos intacta a visão que se tem dessa família. Por isto é que, por exemplo, se vota geralmente sempre nos mesmos partidos e pessoas que giram à volta dos mesmos círculos de interesses, mesmo sabendo e tendo provas que houve mentira.
Uma massa de pessoas é um ser próprio, diferente de cada um dos seus indivíduos.
O que se passa no futebol, passa-se na vida social em geral. As pessoas perderam o sentido de confiança umas nas outras, perderam também as suas identidades, entregues com a promessa de um mundo melhor. Os "cotas" não percebem nada e os "jovens" têm as portas do mundo abertas e percebem tudo. Contudo, o que obtiveram e irão continuar a obter trata-se de um mundo cada vez mais inócuo, despido de valores que, alguns foram percebendo ao longo do caminho, afinal fazem falta.
Porque nos lembramos sempre de Eusébio quando pensamos em Benfica e Amor à Camisola? «Já não há Eusébios, jogadores com verdadeiro amor pelo clube» dizem muitos e com razão, mas qual o motivo de não haverem mais jogadores com essa dedicação, esse amor?
Todos nós, adeptos, levámos a bofetada da mudança de Jorge Jesus e de Maxi Pereira para dois rivais. Por muito que se racionalize, que se diga que até foi melhor, etc, todos sentimos, porque se trata de uma necessidade absolutamente irracional. Só que se no mundo, na vida do dia-a-dia, o valor máximo é o dinheiro, como esperar que possam aparecer outros Eusébios? Num mundo em que as relações entre as pessoas são, na generalidade, vãs e efémeras, em que as famílias estruturalmente fortes estão em vias de extinção, como esperar que possam surgir "filhos desta era" com uma atitude diferente?
Não sou cínico nem hipócrita. Eu próprio vivo nesse mundo que descrevo e tenho de conviver com esse novo paradigma. Eu próprio já tratei com o mesmo desdém que hoje condeno, esse conjunto de valores que, vendiam-me, "nos aprisionava".
Também não afirmo que nos anos 60 ou que no "tempo dos nossos avós" é que era bom - longe disso - mas estava-se então a uma maior distância desse "vazio" que se observa hoje.
Só que o resultado visível para aquele que observa enquanto os anos vão passando, bem como a experiência de vida vai aumentando, é que o âmago da questão reside na perda da capacidade de AMAR. É tão simples como isto.
Para amar é preciso colocar algo de superior acima da satisfação imediata, própria e material. Contudo, temos toda a sociedade a estimular os seus elementos a não se comprometerem com nada, a tratarem apenas de si mesmos, a entenderem valores numerários em contas bancárias como sinónimo de supremo sucesso. Muitos desses novos filhos da sociedade mentem-se quanto a isso, dizem que há valores mais importantes, para se sentirem bem consigo perante o quadro de valores que é inexistente. No entanto, quando observados numa situação de pressão, desmonta-se a máscara e vê-se que aquele amor "às coisas mais importantes" nada mais era que interesse efémero e narcisista pintado a falsa moralidade.
Não há Amor à Camisola - é um facto. Só que este só não existe, porque não há amor a nada. O verdadeiro amor, equilibrado naturalmente no dar e no receber, foi substituído por uma folha artificial que anota o deve e o haver. Amizade? Um conjunto de interesses que mudam conforme as circunstâncias. Casais? Hoje serve esta/e, amanhã procura-se outra/o se algum obstáculo surgir pelo caminho que se oponha ao "sentir bem".
Como pode, assim, haver Amor à Camisola? Claro que não. Hoje amam o Benfica e beijam o emblema, pois isso dá-lhes o apoio e o verdadeiro amor dos adeptos, mas amanhã, quando surgir outro clube que dê mais dinheiro, mesmo que seja um rival, lá vão, beijar a camisola do outro lado. Isto porque não sabem amar, mesmo que afirmem a pés juntos e muito indignados que sim, sabem, que até amam os filhos que educam de forma vazia como eles foram e as esposas que basta que a sua carreira trema e a estabilidade financeira esteja em risco, para procurarem melhor poiso.
Vivemos num mundo de máscaras mentirosas que tapam criaturas eticamente obscenas. Se grande parte de nós, um dia, nos confrontássemos com a nossa verdadeira imagem "ao espelho" do espírito, não suportaríamos sequer tal realidade, tratando logo de justificar o injustificável com mais tinta psicológica por cima da alma.
Carl Gustav Jung escreveu:
«As pessoas farão qualquer coisa, não importa o quão absurdo,
para evitarem olhar para suas próprias almas.»
e
«Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor.
Um é a sombra do outro.»
Posto isto, e em suma, a verdade que observo é que os jogadores agarram-se a uma forma de hipergamia, por vezes obsessiva, sob a desculpa de que as suas carreiras são curtas. No entanto, curtas ou longas, acabam por verificar que nunca chega o dinheiro. Depois vão para treinadores ou outra função empresarial e continuam no mesmo ciclo como antes.
Só que isto é um reflexo da sociedade, não uma situação exclusiva ao futebol ou sequer ao desporto.
Amor à camisola? Primeiro é preciso amar... e isso só poucos entre nós verdadeiramente entendem.
Não vou escrever tudo o que penso da situação sui generis de ontem. Não tenho todos os dados para poder julgar se é o Benfica que tem razão ou o Talisca, na questão que o próprio referiu dos salários e de saber que ia sair, etc. A verdade é que ele fez, quando entrou, uma exibição que não se via desde o início da época 2014/15 e começou a equilibrar o jogo do Besiktas. Se calhar se tivesse sempre o orgulho ferido tinha sido titularíssimo desde que chegou. São os "profissionais da bola". Eu que sou adepto, fico... aborrecido.
A verdade é que não foi o Talisca que "roubou" ao Benfica dois pontos, foi sim o próprio Benfica. A nossa equipa teve o jogo na mão, o adversário desequilibrado e oportunidades para arrumar o assunto. Não marcámos somente por culpa própria. Quem falha assim na Champions, sofre. Ah e depois ainda demos um livre absurdo a um minuto do fim, cientes que estava um especialista "picado" do outro lado. Enfim.
Foi uma equipa muito jovem, mas isso não explica tudo, nem serve de desculpa. Ter o sonho e a via para lá chegar não basta: para jogar com o Manto Sagrado, há que aproveitar as oportunidades que surgem.
O destino de quem não petisca parece que é levar com o orgulho do Talisca!
Por mim, bem pode ficar na Turquia.
Pode não ter sido pelos motivos que aparenta, mas as declarações de Luís Figo em relação a Eusébio e Cristiano Ronaldo, fazem regressar à minha memória uma questão que, pessoalmente, considero de resposta óbvia, mas que parece que nunca terá solução, em particular neste momento específico de clubismo exacerbado.
Quem é, afinal, o melhor jogador Português de sempre?
Bom, apenas se poderá tecer bom julgamento quanto a esta questão se acordarmos o que consideramos serem os atributos de um jogador de futebol. Há quem defenda que os números são tudo. Bom, mas nesse caso considerem-se todos os números, como o número de jogos entre a época de um e a de outro. Se Eusébio jogasse mais, teria tido a oportunidade de fazer "mais números". Números somente não servem para encontrar uma solução. Os tempos foram evoluindo, há um mundo de diferença entre os tempos de Eusébio e Cristiano Ronaldo, mas há factores que são evidentemente transversais e que até poderão ajudar-nos a entender quem foi o melhor, precisamente devido às diferenças entre cada uma das suas épocas. Tentarei expôr três dos principais factores:
Tecnologia:
- Eusébio treinou, jogou e evoluiu com acesso a processos, materiais e métodos muito "artesanais" comparados com os de hoje - primeiro no Sporting de Lourenço Marques e depois no Sport Lisboa e Benfica. O Benfica tinha já condições de topo para a sua altura, mas incomparáveis à situação de qualquer clube mediano de uma jeitosa primeira divisão actual. Trabalhou muito com o pouco que tinha à disposição. Têm ideia de quanto pesava, por exemplo, uma bota daquelas? Das bolhas que muitas vezes causavam?
- Cristiano Ronaldo beneficiou, primeiro no Sporting (que, na altura dele, tinha a mais bem apetrechada academia de futebol em Portugal), depois no Manchester United e agora no Real Madrid de tecnologia e métodos inimagináveis sequer quando Eusébio começou. Tudo estudado e com métodos testados. Trabalhou muito com o muito que tinha à disposição.
Resistência:
- Eusébio jogou nos tempos antes de se permitirem substituições no futebol. As regras do futebol permitiam na altura, ainda por cima, a violência aberta. O King apanhou pela frente os piores e mais violentos defesas do seu tempo. Resistiu a todos. Jogou lesionado como se estivesse a 100%. Suportou o que hoje seria insuportável. Cansaço não servia de desculpa. Dor, para ele, não existia com o Manto Sagrado.
- Cristiano Ronaldo é e foi muito visado pelos defesas contrários, pela sua fantástica capacidade de drible, mas uma entrada considerada normal ao joelho do Eusébio nos anos 60, daria em expulsão hoje em dia ao adversário que o fizesse ao Cristiano Ronaldo. Incomparável.
Personalidade:
- A forma como Eusébio se comportava tanto com os seus colegas de profissão como com o mero adepto marcou todos quantos o conheceram pessoalmente. Sabedor da sua importância, era um de nós, ao serviço da Humanidade no geral e do Desporto em particular. Nunca escondeu nem quis ultrapassar as suas origens humildes, porque sentia que nada havia que ultrapassar: ele era o mesmo homem que saiu pobre de Moçambique à procura de um sonho no clube da Luz. Não há uma pessoa que com ele tenha convivido que tenha algo de menos bom a dizer.
- Cristiano Ronaldo envolve-se numa luta pública consigo mesmo e os seus fantasmas de infância. Ronaldo sente a necessidade de ser venerado. A determinação férrea de que se serve para alargar os seus limites continuamente, fazem dele um atleta excepcional, mas também insuflam um ego que não consegue manter-se afastado dos holofotes, nem que seja pela polémica desnecessária. Ronaldo saiu pobre da maravilhosa ilha da Madeira também à procura do sonho e alcançou-o. Contudo, não é consentânea a admiração dos seus pares e do público no geral. Ele sempre quis o que de melhor as luzes da ribalta lhe podem trazer, como se pudesse deixar de fora o lado negativo de tal exposição... e o pior ainda é que se recusa aprender a lidar consigo mesmo. Cristiano Ronaldo quer tanto ser o protagonista que acaba por prejudicar a sua equipa.
Há uns meses atrás envolvi-me num debate com um outro Benfiquista, no qual defendi que Ronaldo não era o melhor jogador Português de sempre e que, muitas vezes, era um elemento nefasto à sua equipa. Não chegámos a qualquer conclusão, cada um ficou com as suas opiniões, o que é perfeitamente saudável.
No entanto, afirmo aqui, aproveitando a oportunidade desta notícia, que entre Eusébio e Cristiano Ronaldo:
Porque não tenho um pingo de inveja: Eusébio, claro!
Incomparáveis.
Um tem meritório lugar no Panteão Nacional, porque foi muito mais que um excelente jogador.
O outro, tem um lugar na História do futebol, juntamente com tantos outros excelentes jogadores.
Na 5ª jornada, o Sport Lisboa e Benfica deparava-se com um adversário muito difícil, bastante bem orientado (já tornei pública a minha admiração pelo Lito Vidigal, que, penso, virá a ter uma carreira num nível bastante superior), mas também com nova onda de lesões (outra vez as selecções! Ai, as selecções!).
A solução passou por colocar Rafa e Guedes, para manter o 4-4-2 habitual, com Sálvio na direita e Pizzi na esquerda.
A entrada de Rafa na equipa não podia ter sido melhor. O que ele dá neste momento ao ataque do Benfica, nenhum outro jogador consegue nesta fase: a inteligência do seu posicionamento, a arrancada inesperada, a técnica elevada, a rapidez de movimentos. Guedes foi um bom apoio nesse aspecto, tentando sempre potenciar o seu colega de ataque.
Pizzi é que, a meu ver, desaparece mais à esquerda. Precisa de espaço central ou à direita, para melhor utilizar os seus movimentos diagonais em apoio ao ataque, mas, tendo estado abaixo do melhor, não foi peça a menos, bem pelo contrário!
Foi uma primeira parte em que podíamos e devíamos ter acabado com o jogo - não foi o Arouca que jogou mal, ao contrário das opiniões dos comentadores SportTV, foi o Benfica que avassalou de tal forma a sua organização defensiva que só Bracali foi mantendo o resultado "vivo".
O segundo golo, no início do segundo tempo, parecia ter o dom de confirmar a vitória, mas o lançamento do Alvarez no Arouca mudou a estrutura da equipa e, sem já ter a pressão do seu lado, esta soltou-se.
Num contra-ataque, Rafa é travado em falta clara dentro da área e o árbitro deixou passar. Foi tão claro o penalty que até os comentadores da Sport TV o afirmaram, ao invés de lançarem a habitual lenga-lenga da "decisão difícil" e "rapidez do lance" para "dar o benefício da dúvida". Logo no lance a seguir o tal Alvarez faz um golo espectacular e dá esperança aos anfitriães.
Perdemos o controlo do jogo e tivemos de sofrer mais que o esperado, mas lá conseguimos aguentar mais 3 pontos importantes. Foi bom ver José Gomes estrear-se, mas achei que ser lançado a dois minutos do fim é desrespeito pelo valor deste miúdo que ainda nos vai dar muitas alegrias. Mesmo só com esse pouco tempo, já ia marcando e fazendo uma assistência!
Temos a seguir a Liga dos Campeões e grandes dores de cabeça com as lesões... mas veremos como Rui Vitória verá, ao invés de problemas, oportunidades.
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