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"O Benfica é uma equipa forte mas, como representa a liga portuguesa, é derrotável. Podemos dizê-lo da experiência do ano passado contra o FC Porto"
O Dinamo de Kiev já tinha no início dos anos 90 levado uma lição Benfiquista na segunda volta de uma fase de grupos desta competição, que, naquela época, qualificava para a final. Venceram em Kiev num jogo cheio de azares (dos quais se destaca a lesão gravíssima de Rui Águas), mas na Luz foram presenteados com um indubitável 5-0.
Com isto no historial, porque se colocaram a jeito declarando o Benfica como "derrotável"?
Claro que num jogo, qualquer equipa é derrotável (como o 1º de Dezembro nos mostrou). Contudo, trata-se do Sport Lisboa e Benfica, incomparável a qualquer outro clube que "representa a liga portuguesa". É o Dinamo de Kiev o mesmo que o Shaktar Donetsk?
Dentro de campo fomos eficazes e sólidos, sem problemas em fechar quando necessário. Soubemos controlar o adversário e suportar o seu ímpeto na procura do resultado, servindo-nos do golo madrugador. Há bastante controlo emocional neste Benfica, mesmo quando, em certos momentos, parecemos um pouco atabalhoados.
Sei bem que o futebol de alto nível requer vários planos de jogo e vários momentos que uma equipa seja capaz de implementar. No entanto, no meu âmago, sempre fui adepto do futebol objectivo, do passe rápido, do drible simples, da jogada eficaz. Nisso os Alemães são historicamente os melhores.
Só que ontem foram Italianos. Sarri monta as suas equipas dessa forma objectiva, sempre inclinada para a frente e intensamente pressionante. Causar-lhe-á dissabores, como se viu nos últimos 15 minutos de jogo, se não conseguir alternar com outros planos mais de contenção, mas este tipo de futebol é, para mim fascinante.
Contudo, eu sou do Benfica e, infelizmente, o que temia aconteceu. O que o Nápoles conseguiu fazer em todo o jogo, mas em particular a seguir ao primeiro golo, foi tentar sempre colocar a minha equipa em contra-pé, fazendo-a correr pela bola e espreitando a abertura deixada por quem tem de procurar o golo. Faltou objectividade ao nosso futebol. Podíamos ter marcado antes e o resultado não espelha o nosso esforço, mas premiou a equipa que sempre teve, de peito aberto, a ideia de marcar (associado à noite desastrada do Júlio, infelizmente).
Que sirva de lição: a verticalidade objectiva (o passe para a frente com critério) ganha mais jogos que a posse de bola... especialmente quando não se consegue ter bola. Tal lição evidenciou-se nos dois golos (Guedes e Sálvio) com que conseguimos amenizar esta derrota - ambos obtidos com lances de futebol simples e verticais. Aliás, já tinha sido assim em Madrid na época passada.
Análise Eu Visto de Vermelho e Branco
Não vou escrever tudo o que penso da situação sui generis de ontem. Não tenho todos os dados para poder julgar se é o Benfica que tem razão ou o Talisca, na questão que o próprio referiu dos salários e de saber que ia sair, etc. A verdade é que ele fez, quando entrou, uma exibição que não se via desde o início da época 2014/15 e começou a equilibrar o jogo do Besiktas. Se calhar se tivesse sempre o orgulho ferido tinha sido titularíssimo desde que chegou. São os "profissionais da bola". Eu que sou adepto, fico... aborrecido.
A verdade é que não foi o Talisca que "roubou" ao Benfica dois pontos, foi sim o próprio Benfica. A nossa equipa teve o jogo na mão, o adversário desequilibrado e oportunidades para arrumar o assunto. Não marcámos somente por culpa própria. Quem falha assim na Champions, sofre. Ah e depois ainda demos um livre absurdo a um minuto do fim, cientes que estava um especialista "picado" do outro lado. Enfim.
Foi uma equipa muito jovem, mas isso não explica tudo, nem serve de desculpa. Ter o sonho e a via para lá chegar não basta: para jogar com o Manto Sagrado, há que aproveitar as oportunidades que surgem.
O destino de quem não petisca parece que é levar com o orgulho do Talisca!
Por mim, bem pode ficar na Turquia.
Calhou ao Glorioso o Grupo B, ordenado desta forma:
Benfica
Napoli
Dinamo Kiev
Besiktas
Se queremos seguir em frente na principal prova Europeia, há que não desperdiçar qualquer ponto em casa e então depois, sim, conseguir um ou outro resultado fora. Nenhuma destas deslocações é agradável:
Aos nossos jogadores e técnicos, como está escrito no nosso Hino:
honrai agora os ases que nos honraram o passado!
Agradecimento ao dfernandes do Chama Gloriosa por este magnífico trabalho! :-)
Parte 1:
Parte 2:
Parte 3:
Nenhum Benfiquista, ao contrário do que foi insinuado por alguns comentadores na RTP, ficou "satisfeito" com uma derrota ou com o facto de ter sido eliminado.
O que acontece, incompreensível para alguns, é que o Benfica compete com a honra da sua História, com os tais "ases que nos honraram no passado", não com a História do Bayern ou de outro rival. O que nos satisfez e orgulhou foi que numa época de mercenários, em que os jogadores trocam de "amores eternos" com facilidade, a equipa do Benfica demonstrou diante deste poderoso Bayern que tem um plantel de jogadores focados e determinados em honrar o peso das camisolas outrora envergadas por esses "ases do passado". Apesar das ausências forçadas, teria bastado só um pouco mais de qualidade individual (que, hoje em dia, só com milhões se obtém) para se ter conseguido eliminar o colosso alemão dirigido por um dos melhores treinadores da actualidade.
De notar que conseguimos também um 3-3 (no agregado de uma vitória e uma derrota) na fase de grupos contra a equipa do Atlético de Madrid que ontem eliminou o Barcelona de Messi, Iniesta, Suárez e Neymar.
São notas positivas de uma campanha que em nada tentam justificar a eliminação merecida diante de uma equipa melhor (e que todos pensavam ser muito melhor que o que foi, "culpa" de um Benfica organizado e determinado).
Terminamos a Liga dos Campeões esta época entre os oito primeiros que é o lugar mínimo exigível ao nome Histórico do Sport Lisboa e Benfica.
Estamos satisfeitos, isso sim, com a "luta com fervor" deste nosso Benfica, que "nunca encontrou rival neste nosso Portugal!"
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Agora, vamos pensar no Vitória de Setúbal!
O Benfica fez em Munique ao Bayern aquilo que o Braga quis fazer ao Benfica na Luz.
Uma questão de dimensões; de clube, de cultura, de valia dos jogadores...
Com o Braga, é certo que tivemos a sorte do jogo - não sofrendo quando podíamos ter sofrido e marcando quando podíamos marcar - mas a dinâmica despertada pelo primeiro golo foi tão forte que a goleada é mais que justificada.
Achei curioso que Paulo Fonseca parece estar mais respeitoso quando se refere ao Benfica. Terá aprendido algo com a marca de bota que ainda deve ter ficado do pontapé no rabo que levou no Porto? Espera-se que sim.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Quanto a Munique, pergunto: quantas equipas teriam desmoronado após aquele golo aos 2 minutos? Sofrer um golo cedo em Munique diante deste Bayern de Guardiola não é desprimor nenhum, jogar de olhos nos olhos (com a diferença de dimensão dos jogadores disponíveis, claro) e não se limitar a sofrer vaga após vaga de ataques bávaros é um aspecto positivo e promissor. Aconteça o que acontecer, o Bayern já respeita o futebol Português novamente.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Ah e perdoem-me os analistas, eu, como Benfiquista e até mais esclarecido ainda pelas regras da FIFA (ver este post no NGB acerca disso), não penso que aquele lance do Lahm seja penalty. O braço está lá a apoiar o carrinho (seria quase impossível e muito pouco natural fazê-lo com os braços atrás das costas) e não há movimento do braço para ir ao encontro da bola quando esta é rematada pelo Gaitán. Em contraste com o penalty contra o Braga em que, aí sim, há movimento do braço após a bola sair do pé.
Adicionalmente, e nada tendo a ver com o assunto directamente, vendo as imagens, também me pareceu que o Fernando Torres foi bem expulso contra o Barcelona. A primeira entrada é alaranjada e ele ainda reclama com o árbitro, pondo-se a jeito. A segunda entrada, até pode ter sido um tropeção, mas quem vai entrar à bola assim habilita-se - o facto não é a intenção, mas a ocorrência: o jogador do Barcelona foi atingido com uma entrada ríspida que justifica o amarelo, que era o segundo na ocasião.
Foi preciso sofrer, mas já se sabia que o sofrimento teria de fazer parte desta segunda mão. Afinal, cabia à equipa Russa, em sua casa, tudo fazer para virar a desvantagem mínima que trouxe da Catedral.
Ainda assim, o Benfica entrou com a ideia de disputar a partida e marcar o seu golo. A consegui-lo, obrigaria o Zenit a ter de escalar a montanha psicológica de três golos.
Após uma primeira parte dividida, a segunda teve um Zenit mais pressionante, pressionada que estava a equipa para marcar o golo do empate na eliminatória. Foi, curiosamente, num lance ao estilo do clube do qual o seu treinador é adepto, que o Zenit, por fim, empatou a eliminatória:
Um lance repleto de garra, de ímpeto, de irregularidade e de um árbitro complacente.
No entanto, ao contrário de outras equipas que também sofreram na pele decisões incorrectas de árbitros perante equipas Russas nesta prova, o Benfica não chorou. Acreditou, encheu o peito e foi em frente tentar resolver o jogo de seguida. É certo que contamos com o espírito de Eusébio, mas isso não torna ilegal o golo inventado pela fé de Jimenez - afinal, não há regra que se conheça que impeça a intervenção divina ou espiritual. À bota de Jimenez desceu o pé direito de Eusébio e a fé do Mexicano fez o resto: remate impressionante, defesa incrível do guarda-redes, encosto de Gaitán para o 1-1 e a resolução da eliminatória. Grato Eusébio! Grato Jimenez!
Com o adversário já resignado, Talisca ainda pôde, com facilidade e um toque de classe, fazer o segundo golo.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Uma equipa pequena ter-se-ia desmoronado após o golo do Zenit (ainda por cima obtido da forma que foi). Só que o Sport Lisboa e Benfica é GIGANTE!
zé·ni·te
(árabe samt, caminho, direcção, ponto no horizonte)
substantivo masculino
1. [Astronomia] Ponto da esfera celeste que se encontra na direcção da vertical ascendente ao ponto de observação.
2. Em sentido menos rigoroso, parte do céu sobre a cabeça do observador.
3. [Figurado] Ponto mais elevado a que se pode chegar.
Havia um claro nervoso miudinho nos nossos jogadores, um sentimento de dúvida pela derrota sexta-feira. Sentiu-se isso nos momentos de decisão, na falta de calma e discernimento nos momentos essenciais de cada lance.
Este Zenit apresentou-se com uma estratégia muito limitada, especialmente na transição ofensiva. Limitou-se ao passe para o ala disponível (em grande parte das vezes, Hulk) para este transportar a bola e procurar um desenlace ou tentar servir de imediato algum companheiro que corresse em profundidade. Esta previsibilidade deu-nos, em grande parte do jogo, um descanso defensivo que, não fosse o tal nervosismo, teria permitido o conforto de pelo menos mais um golo de vantagem na eliminatória.
No entanto, há que valorizar, uma vez mais, a crença até ao fim. Jonas foi mesmo ao zénite do céu procurar aquela bola para a levar ao coração de todos os Benfiquistas. Pena que hajam alguns que não entendam a grandeza deste goleador e ponham em causa a sua presença em campo. Deixam-se levar pelas opiniões de "pseudos", com certeza...
Esta vitória foi FUNDAMENTAL para o resto da época, aconteça o que acontecer na Rússia - isto porque reabre as portas da confiança anterior para a deslocação a Paços, isto é, limpa, mentalmente, o enguiço da derrota recente.
Carrega Benfica!
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Nota: Absolutamente vergonhosa a análise e comentários a esta partida na RTP 1, no pós-jogo. Desde verem uma suposta falta de Jardel no lance do golo (ridículo, só mesmo vindo de alguma mente ressabiada) até quase deixarem o desejo, nas entrevistas aos jogadores e treinador do Zenit que a equipa Russa elimine o Benfica. Uma vergonha, em especial por se tratar de um canal público!
A falta de trabalho táctico fica mais exposta quando a equipa defronta equipas de valor equivalente ou superior, ou mesmo equipas que tenham uma ocupação de espaços mais eficaz. Foi o que aconteceu ontem, uma vez mais.
Esta espécie de 4-3-3 (com a qual concordo bem mais que com o habitual 4-4-2 desta época) desequilibra menos a equipa e proporciona um conforto muito maior aos jogadores. Como uma equipa se constrói de trás para a frente, portanto da defesa para o ataque, haver um maior conforto é essencial para que depois se possa desenvolver melhor jogo ofensivo. Ainda assim, é inacreditável como se verifica que um princípio básico, básico até para o treinador de bancada mais atento ao futebol jogado pelo mundo fora, não parece ser do conhecimento do actual treinador do Benfica, Rui Vitória: o fluxo de jogo, tal como a construção de uma equipa, produz-se de trás para a frente, nunca no sentido inverso. Com a bola, a equipa tem de se movimentar e combinar de forma a progredir no terreno e chegar a zona de perigo em condições de efectuar remates eficazes. Claro que parece mais simples do que é, no entanto não deixa de ser um conceito básico. Não importa se tens Cristiano Ronaldo, Messi e Aguero na frente se a bola não lhes chega em condições jogáveis ou se a única forma de lhes fazer chegar jogo é em passes longos perante uma defesa fechada ou tentativa de jogo directo como última alternativa.
O Benfica não entrou a jogar mal, atenção. Trocava bem a bola e viram-se algumas combinações de que falo, ainda que lentas, mas o jogo não estava a pedir para ser sacudido por nós. Era o Atlético de Madrid quem precisava de correr atrás do resultado, pelo que foi uma estratégia adequada. Só que uma vez que o golo foi obtido (Eliseu preferiu, mais uma vez, marcar o homem aberto no exterior e estragar o movimento correcto do resto da defesa, colocando o avançado em jogo), não conseguiram aplicar à troca de bola uma acutilância e dinamismo de quem precisa de extrair algo mais.
A ausência de simples tabelinhas (que requerem movimentação e rapidez) é, como tenho afirmado, um claro sintoma da incapacidade de trabalho táctico, no posicionamento e nas instruções estratégicas, nos "princípios de jogo", de Rui Vitória. Pareceu que em Madrid ele tinha finalmente agarrado a equipa e a tinha trabalhado como queria, mas fora ilusão. Tratam-se de conceitos, repito, básicos, que a equipa não consegue implementar. Isto faz com que o jogo dependa demasiado das individualidades, como já afirmei anteriormente, sendo esta dependência de heróis nefasta à boa progressão dos valores oriundos da formação. É que repare-se: Semedo, Guedes e agora Sanches são heróis, mas esses, ainda que poética, metafórica e romanticamente, acabam todos no "cemitério" (futebolístico), pois a derrota e a "quase vitória" não são alicerces para o desenvolvimento de um jogador de topo. Os heróis da nossa equipa batem-se valorosamente como os Celtas o fizeram à milénios, no entanto, tanto nessa altura como agora, a táctica e a disciplina Romanas derrotam sempre um grupo menos organizado composto pelos mais bravos e fortes heróis. Associe-se uma à outra, no entanto, e obtém-se uma equipa de topo.
Eu reafirmo: este plantel dá mais que isto, pode providenciar melhores condições aos nossos heróis, mas precisa é de trabalho táctico. Rui Vitória não o tem para dar... ou então não consegue dá-lo. Pode tentar mascarar-se com propaganda, tentar tapar o Sol da incompetência com as peneiras da "atitude" e do "coração", mas as evidências estão lá para quem as quiser ver: este treinador não tem capacidade táctica para montar uma equipa do Benfica e serão os próprios jovens, que deveriam ser um dos seus "produtos", os mais prejudicados.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
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