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A vulgar metáfora da vaca

por Ao Colinho do Isaías, em 29.11.18

Devo começar por esclarecer que NINGUÉM na blogosfera me conhece pessoalmente ou sabe quem eu sou. Sou um anónimo Benfiquista que, como tantos outros, escreve o que pensa de forma independente e quando tem algo para dizer, individualmente. Não comunico com qualquer outro blogger Benfiquista fora das caixas de comentários, que são públicas e visíveis neste e noutros blogues (quando os comentários não são censurados, claro está).

 

Por forma a deixar clara a minha posição absolutamente individual quanto à propaganda em curso para limpar a imagem de Jorge Jesus e fazer os Benfiquistas aceitar o seu regresso, penso ser mais fácil fazê-lo, falando em Português "tasqueiro", ou seja, em linguagem mais popular e até vulgar, se não me levarem a mal, nem se sentirem ofendidos (agradeço o esforço nesse sentido).  Vou tentar esclarecer, com uma metáfora, como vejo INDIVIDUALMENTE (só aqui da minha cabeça, sem conspirações com mais ninguém, nem acções concertadas) essa propaganda em curso.

 

Assim, é equivalente a uma namorada toda boa que se teve durante anos e com quem tínhamos grandes noitadas de caloroso convívio. Acontece, contudo, que sustentar esse namoro saía caro, bem caro. Eram os jantares, as jóias, as roupas, os cremes, tudo caríssimo, mas ela era tão boa que até se ajoelhou, depois de quase nos levar ao êxtase mas nos deixar pendurados e agarrados, perante aquele gajo que não te grama nem à lei da bala - para seu regozijo e tua vergonha.

 

Pois a certa altura, e uns tantos orgasmos e muito dinheiro gasto depois, começou a considerar-se que era muita massa. Começou a repensar-se a relação - havia que baixar os custos e que propor-lhe algumas alterações à forma como funcionava este intercâmbio. O que faz então a namorada? Começa a olhar à volta e vai jantar com um dos teus inimigos enquanto ainda andava contigo e a planear o seu futuro sem ti - afinal ela é a última bolacha do pacote.

 

Pois bem chega um belo dia em que, depois de terem mais um orgasmo "à campeão" juntos, ela corre para os braços do teu inimigo, que lhe prometeu mais roupa e jóias (e não esquecer as vastas contas do cabeleireiro) e começa a dizer mal de ti - não só a ele, mas aos "manfios" com quem ele se dá, apenas unidos no seu ódio contra ti. Diz-lhes como te podem atacar, por vingança, de ter sido sequer posta em causa a forma da tua relação com tal beldade e tão competente veículo de êxtase (isso quando conseguia te fazer vir, no fim, pois às vezes estavas quase, quase, mas depois doía-lhe a cabeça e deixava-te de calças em baixo).

 

Ora, ela passa três anos abraçadinha ao teu inimigo e seus aliados de conveniência (ou inconveniência, como se veio a provar) e a custar-lhe ainda mais dinheiro. Só que, depois, como o orgasmo que prometera ao teu rival tardava em chegar e ele, farto de esperar (e seguramente em clara frustração sexual, por essa altura), começou a ameaçá-la de porrada, teve de fugir com um árabe.

 

Das arábias, apesar de rodeada de luxo e com um parceiro fácil de agradar, começou a pensar que, afinal, tu é que eras o homem para ela. Então o que faz ela? Fala com jornalistas (sempre amigos, dos eventos do jet-set em que ela, toda maquilhada, participava como rainha) e dá uma entrevista a dizer que boa dama à casa torna, piscando-te o olho.

 

Ora bem, aqui tu tens duas hipóteses: ou és honrado, tens amor próprio e recusas liminarmente toda e qualquer reaproximação, ou comportas-te como "um verme, sem coluna vertebral" (podia e devia ter escolhido outras palavras equivalentes, mas menos claras) e começas a dizer a todos os teus amigos que, afinal, ela quando fez aquilo foi por tua culpa e que não há problema ou impedimento em voltarem a andar juntos - como se não houvesse mais peixe no mar!

 

Costumo ter cuidado na linguagem que escrevo no blogue e até em comentários a outros. Assumo que, quando escrevi as palavras "verme, sem coluna vertebral", podia e devia ter escolhido outro vocabulário. Percebendo que tinha sido ofensivo, assumindo a responsabilidade do que escrevera, por mim e sem conluio, pedi honestas desculpas pela ofensa causada e linguagem vulgar. É que apesar de as palavras terem sido infelizes, por ofensivas, a ideia que transparecem é correcta: a tentação do comportamento "extremamente flexível a nível moral" (aqui está uma linguagem alternativa que me devia ter ocorrido na altura) está lá para todos, mas isso não significa que devemos ceder a ela.

 

Peço por isso, a si, leitor, que me perdoe a linguagem vulgar e que tente entender para além dela e descobrir o verdadeiro significado da metáfora grosseira (e potencialmente ofensiva, pela linguagem) e o motivo pelo qual os Valores do nosso Sport Lisboa e Benfica não se coadunam com o regresso de Jorge Jesus e que, promover tal regresso e considerá-lo, é desrespeitar o clube e a sua História honrada. Até pode vir a acontecer, mas isso (usando uma expressão popular) não muda o nome do boi... ou da vaca, neste caso.

 

Não há golpes, conluio ou concertação contra ninguém: há Benfiquistas verdadeiramente e honestamente ofendidos com a hipótese do regresso de Jorge Jesus, pelos motivos já referidos, e há linguagem vulgar e grosseira que, por muito que queiramos, às vezes nos sai da emoção.

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rematado às 08:54




14 comentários

De JC a 29.11.2018 às 10:05

Nem mais.Essa pessoa nunca mais no nosso clube, e o potencial regresso criará cisões e desconfiança. Falta uma personagem na sua história, a dos amigos que traíram, pois todos aqueles que censuram, por exemplo no blog NGeração Benfica, não são amigos mas Judas encarregues de difundir propaganda, censurando quem discorda educadamente. Rui Vitória e JJ ambos não merecem.Por motivos diferentes, claro

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 10:09

Caro JC,
Grato por comentar.

Não vou tão longe quanto a considerar Judas, porque no Benfica todos sentimos as coisas de forma diferente e cada um expressa as suas ideias à sua maneira.

Concordo: Rui Vitória merecia sair pela porta grande, mas ele próprio perdeu essa oportunidade, parece-me. Jorge Jesus merece nunca mais passar sequer à porta. É a minha opinião também.

Cumprimentos,
A.do Isaías

De Anónimo a 29.11.2018 às 13:12

Que eu tenha reparado, no blog citado, apenas um escriba, apenas um entre vários, está aos saltinhos e gritinhos com a vinda do JJ. Apenas um! E a maior parte dos comentários são contra.

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 13:31

Que o Benfica ficará negativamente dividido, caro anónimo, não há dúvida.

Cumprimentos,
A.do Isaías

De Anónimo a 29.11.2018 às 10:19

Quem aceita o retorno de Jorge Jesus apenas prova que está mais procupado com títulos do que com os valores intrínsecos ao SLB.

Mais do que Síndrome de Estocolmo, quem defende este retorno apenas demonstra uma total falta de respeito próprio, de moral. Pessoas que aceitam isto, podem, da mesma forma e com os mesmos argumentos, apoiar o suborno de árbitros e de jogadores de outras equipas, pois moralmente a mensagem é a mesma - para estas pessoas os fins justificam os meios. Que se danem os valores!

Não posso deixar de pensar, também, que muitos destes 'benfiquistas' apenas o são porque nasceram e foram criados numa altura em que o SLB estava na mó de cima, e que se por acaso fosse o SCP que estivesse no poleiro nessa altura, agora fariam parte das hordas danadas que fervem verdes de inveja faz quase 18 anos... novamente.

Os fins nunca justificam os meios. Os valores de um clube nunca devem ser comprometidos - quem nos trai uma vez certamente o irá fazer novamente.

- Yoji

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 10:23

Caro Yoji,
Grato por comentar.

Nem, mais.
Sabe que eu ainda me lembro de ouvir Benfiquistas, a certa altura do domínio do Porto sobre o futebol Português, dizer que o que faltava ao Benfica era um Pinto da Costa! Esta situação, para mim, não é muito diferente, pois Pinto da Costa não é só corrupção; é também imoralidade.

Cumprimentos,
A.do Isaías

De Ricardo Fernandes a 29.11.2018 às 12:53

Concordo em parte. Apenas e só porque não equacionas, que tu o namorado podias estar /tinhas definido que não a querias e planeavas manda-la para as arábias, contra a sua vontade e contra o seu desejo.

Há muita coisa com essa história que não joga certo, nem para um lado nem para outro. Mas eu estou à vontade para falar, nunca acreditei em Rui Vitória quando ganhava (é só ler o meu blog) e nunca gostei de JJ (aqui estou a mentir um bocadinho - gostei até ao dia em que levei 5-0 do Porto).

A Solução para mim, passa pela solução interina. Temos ali uma potencia de treinador, capaz de deixar as bases para o futuro.

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 13:07

Caro Ricardo Fernandes,

É claro que qualquer metáfora nunca conterá os elementos todos da história que pretende representar. Por exemplo, a minha também não inclui quando a namorada quis receber mais de mesada "senão ia para o Porto!".

Ainda assim, mesmo que fosse o namorado a não a querer mais, porque iria ela falar mal de ti e divulgar questões privadas (como se provaram não criminosas) sobre ti ao teu inimigo que entretanto a acolheu? Traiu e a traição não foi ir para o Sporting, isso que fique claro.

Quanto ao treinador, o que mais desejo é a vitória do Benfica, com princípios. Que Bruno Lage tenha o máximo sucesso, a ponto de se esquecer este insulto que é equacionar-se o regresso de Jorge Jesus.

Cumprimentos!
A.do Isaías

De António Madeira a 29.11.2018 às 12:57

Tenho princípios. Orgulho-me de o dizer e não tenho vergonha de o mostrar.
Os meus princípios foram-me passados pelo meu pai, com quem cresci a ouvir as histórias do Benfica de Coluna, Eusébio, José Águas e tantos outros que construíram a glória deste Clube histórico.
Gosto muito de ganhar, gosto muito de comemorar e gosto muito de ver a minha equipa de futebol de honra a dar espetáculo. Contudo, e porque o meu pai me ensinou há muito que os fins não justificam os meios, a entrada de Jesus irá afastar-me do meu querido Benfica. Na minha consciência, ir ao estádio apoiar uma equipa, por muito boa que seja, treinada por quem descreves aqui como "a vaca", ser-me-á totalmente impossível, porque contra os meus princípios.
Além disso, Luis Filipe Vieira, a confirmar-se este autêntico retrocesso no processo de consolidação do projeto Benfica, terá o futuro traçado nas próximas eleições. Este problema que vivemos deveria ser corrigido, mas sempre com um plano B que permitisse ao Benfica dar um salto para a frente e não para trás. É inacreditável que esta situação não tivesse sido acautelada e que tenham deixado o Rui Vitória sozinho e isolado! Isto nunca perdoarei a esta direção. Rui Vitória só foi feliz porque os Benfiquistas, apesar de lhe reconhecerem algumas lacunas, viram nele um homem sério e benfiquista e apoiaram-no nos piores momentos, levando-nos à glória de um tetra inédito. Ficará na nossa história para sempre como o único (esperemos que se lhe juntem mais, claro) a alcançar essa façanha, sempre com honra, seriedade, respeito e benfiquismo.
Desejo-lhe, sinceramente, tudo de bom para a sua carreira e que não guarde mágoa pelo que lhe fizeram. Há muitos benfiquistas, onde eu me incluo, que nunca o esquecerão e que ficarão a torcer pelo seu sucesso longe do seu clube do coração.
Obrigado, Rui!

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 13:20

Concordo, caro António Madeira, com a substância, mas discordo que se afaste.

É que em breve o Benfica precisará de todos, os que aceitam e os recusam, para a sua Glória.

Um agradecimento a Rui Vitória, sem dúvida, mas também há que reconhecer que a queda de Vitória deveu-se, em grande parte, à perda da sua humildade.

Cumprimentos,
A.do Isaías

De JVP a 29.11.2018 às 13:17

Sou daqueles que achou que Jesus foi um canalha quando saiu do Benfica.
Não por ter saído, não por ter ido para o Sporting, mas pelo que disse e pela forma como, sobretudo, tratou o seu colega de profissão Rui Vitória.

Os seus conflitos foram sempre mais pessoais. Com Rui Vitória, fazendo uma pressão que achou que o poderia beneficiar.
E sobretudo com o Vieira.
Foi o Vieira que se sentiu "traído" mas também foi ele quem lhe estava a preparar a saída para o estrangeiro, que ele não queria e não quis. E não podemos esquecer a "guerra" que Vieira lhe moveu através dos seus capangas, com ataques ao carácter do homem (vai ser engraçado - sem graça nenhuma - ver as piruetas que essa gente vai dar se ele realmente regressar).


Foi o Vieira que fez uma gestão absolutamente incompetente da saída de Jesus do Benfica e quem tudo fez para que a imagem dele junto dos benfiquistas passasse a ser a de um traste!!!

O resto são "coisas da bola".
Foi mais desrespeitoso para o Benfica o Mourinho, quando esteve a treinar os corruptos, do que Jesus quando esteve nos lagartos.

3 anos e meio depois, ainda estamos a pagar a absoluta incompetência de Vieira na gestão da saída de Jesus. Não por o ter deixado sair (e acredito que há muita coisa sobre a sua saída que não sabemos).
Por ter passado a ideia da traição.
Por não ter encerrado a questão com uma declaração educada e voltada para o futuro, agradecendo o seu contributo.
E sobretudo por não ter contratado Marco Silva, ou um treinador de competência acima de suspeitas e que só o facto de ir para o Benfica teria baixado a crista à lagartada.

E hoje não estaríamos nesta situação.

JVP

De Ao Colinho do Isaías a 29.11.2018 às 13:37

Tem razão, JVP, quando afirma as falhas de Vieira na questão, sem dúvida.
E Vieira será, nas contas feitas da História responsabilizado por isso, é garantido.

Até pode ter acontecido que de facto Vieira fez tudo para Jorge Jesus sair!

Agora, isso não apaga o que começou a acontecer logo que Jorge Jesus chegou a Alvalade.
Ele colocou, como sempre o faz, o seu ego à frente do que é superior a ele: neste caso, o Sport Lisboa e Benfica, que lhe deu a visibilidade que tem hoje.

É absolutamente imoral pensar num regresso.

E eu nunca rasgarei o cartão ou deixarei de apoiar o Benfica.

Cumprimentos,
A.do Isaías

De Francisco Rocha a 30.11.2018 às 01:04

Muito bom! Adoro esta metáfora, e certamente que muitos dos que apoiam o regresso de Jorge Jesus irão compreender melhor a mensagem através de um texto deste género (ou assim o espero). Cumprimentos!

De Ao Colinho do Isaías a 30.11.2018 às 08:16

Talvez entendam melhor, caro Francisco Rocha, talvez! :-)

Cumprimentos!
A.do Isaías

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