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Falta de decência social inviabiliza os Presidentes-Adepto

por Ao Colinho do Isaías, em 18.05.18

Da próxima vez que os Benfiquistas pensarem num "Terceiro-Anelista" para assumir as rédeas do Glorioso, atentem ao exemplo negativo que temos tido com Bruno de Carvalho no Sporting.

O Sport Lisboa e Benfica (tal como os outros rivais, seguramente) ergueu-se, no seu primeiro século de existência, à conta de Presidentes-Adepto: homens idealistas, determinados e com um amor inabalável pelos valores do clube. Contudo, isso só foi possível porque se viviam tempos em que a decência social se sobrepunha ao fanaticismo e à tendência belicista. Hoje em dia, os tempos são outros e um Presidente-Adepto, despido, como referi no post anterior, dessas barreiras sociais, nada mais é que um bêbedo (nem que seja pelo seu poder e posição) que ao invés de estar limitado à tasca onde pode cuspir nos seus bêbedos adversários e degladiar-se com outros seus semelhantes, anda à solta no mundo (que deveria aparentar ser desportivo, pelo menos), com poder suficiente para realmente fazer dano permanente na memória social.

 

Hoje, a figura de um Presidente de um clube deve ser uma de estabilidade e visão, mas de algum distanciamento. As suas declarações devem acertar no timing e ser sempre um ponto de união de toda a empresa (que todos os clubes são empresas, ao contrário desses outros tempos) e dos seus activos e empregados.

 

Devemos valorizar e enaltecer as figuras directivas do passado que eram tão adeptos como os seus dirigidos, mas não os devemos romantizar: é que os tempos em que eles foram importantes já não voltam, para o bem e para o mal. Até mesmo gente como eles é parca hoje em dia. Olhem à vossa volta e verifiquem que gente com esses valores já praticamente não existem e, os que existem, não estão em posição de poder vir a dirigir, porque o mundo a que pertencem já morreu.

 

É triste? É, muito triste. Contudo, todos temos a responsabilidade de entender o mundo em que agora vivemos e o que realmente funciona. A falta de decência social em que vivemos inviabiliza os Presidentes-Adepto, favorecendo, infelizmente, os gestores frios e calculistas.
Infelizmente, o exemplo de Bruno de Carvalho no Sporting deixou isso claro para todos.

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rematado às 10:09




5 comentários

De philippe a 18.05.2018 às 12:27

ok entendo a tua demonstração MAS qual é o interesse em ser socio duma empresa? é ganhar dinheiro não é? Agora peço-te qual é o interesse em ser socio dum clube de futebol? é ganhar titulos não é (não serà ter um RC fabuloso sem nenhum troféu no museu tipo Arsenal)? Portanto os objectivos dum clube NUNCA poderão ser os mesmos que os duma empresa à não ser que a alma do négocio (titulos) desaparece e com eles, os proprios socios OU que o nivel de exigencias dos socios caia drasticamente (mais uma vez tipo socios do ARSENAL). Por exemplo no Benfica se o nivel de exigencia dos socios caia para um titulo de campeão em cinco e uma taça de vez em quando associado à um 1/4 de final da champions todos os 5 anos, então o Benfica que eu conheci deixarà de existir e se tornarà uma empresa onde os lucros serão mais importante e a mudança de matriz emocional farà com que o pessoal dos socios mudarà no mesmo tempo tipo esportiguinzação "pre-BDC". Resta saber se é isso que queremos ou se queremos sonhar e encontrar um homem ambicioso capaz de ter essa ilusão sempre com o coração benfiquista, sendo sério e rigoroso na gestão empresarial. Até agora não encontramos nada disso mas existe exemplo: jean-michel aulas do lyon ou uli hoeness do bayern ou cerezo do atlético! sejamos positivos!

De Ao Colinho do Isaías a 18.05.2018 às 12:56

Caro Phillipe,

Grato pelo comentário.

Penso que há um mal-entendido em relação ao que escrevi. Não falei em redução de exigência, falei em tipo de gestão, presença e personalidade.

Um gestor frio exige resultados (alcançáveis ou não, isso é outra conversa) mas não se envolve emocionalmente como um adepto. Envolver-se não seria problema, não fossem as barreiras de decência que, como referi, já caíram socialmente.

Reafirmo, pois não sei há quanto tempo tenho o prazer de o ter como leitor, que eu não gosto de um gestor frio, que eu não gosto de mercadores como Luís Filipe Vieira e que aprecio quem seja apaixonado pelo que faz - contudo, a realidade dos factos contradiz-me no que diz respeito a ser o melhor para o Sport Lisboa e Benfica enquanto "corpo" (empresa), onde o nosso "espírito" em comum pode habitar.
Se for para substituir o actual Presidente, então que venha alguém capaz de ser decente e racional.

Vender sonhos é fácil. Também é fácil dizer-se o que se teria feito ou deveria ter feito depois dos acontecimentos. A teoria crítica (https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cr%C3%ADtica) tomou de assalto a sociedade, gradualmente, e hoje em dia torna inconscientemente cada indivíduo num perito em tudo, pois criticar tudo é sempre fácil porque nada é perfeito.

Mais difícil é ter de, de facto e in loco, lidar com a irredutibilidade da realidade, por mais feia que ela seja. Podemos torná-la mais bonita? Com certeza. Mas o lugar de um filósofo-poeta não é na sala de operações e o lugar de um cirurgião não é nas páginas dos sonhos.

Quanto ao Sport Lisboa e Benfica sou sempre positivo. Por isso é que deixo o alerta.

Cumprimentos,
A. Isaías

De philippe a 18.05.2018 às 16:05

Obrigado pela resposta A Isaias. Ok compreendo essa tua posição mas o futebol é muito irracional e toca essencialmente ao lado emocional do adepto (é isso que move as multidões)! Sabias que hà muitos politicos e até CEO de grandes empresas que são rodeados por...filosofos: porque estes ultimos, fruto do tempo disponivel para a reflexão e do recuo sobre a historia, compreendam o que esperam os eleitores/ socios/ investidores. São eles que construem o discurso, a narratoria, para encantar ou "contar uma historia" que permita a adesão. Em areas tão cinicas como politica ou business, usam essas ferramentas então imagina numa paisagem futebolistica: é necessario encantar o mundo! se possivel com...titulos! mas entendi aquilo que tu querias dizer

De Ao Colinho do Isaías a 18.05.2018 às 16:25

É bem pertinente o que afirma, caro Philippe.

Só não se deve é puxar demasiado por sonhos (ou pesadelos!) sem substância ou objectividade, pois as emoções que podem despertar na multidão (a multidão é uma criatura à parte de cada um dos indivíduos que a constituem) podem ter resultados como os recentes.

Grato pelo comentário!
A. Isaías

De philippe a 19.05.2018 às 09:04

Igualmente grato! é sempre bom confrontar opiniões! Viva o Benfica!!!

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