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O pecado verde da Oliveirense

por Ao Colinho do Isaías, em 19.05.16

Verde é uma côr popularmente associada tanto à inveja como à esperança. O que define em qual dos pólos se enquadra a côr num determinado momento, depende somente do intento de quem com ela se identifica, do sempre todo-importante contexto.

 

Coincidentemente, nesta época futebolística, o clube mais identificado com essa côr, o Sporting Clube de Portugal, identificou-se com ambos os pólos que a côr verde transmite popularmente.

 

  • Foi de inveja quando, uma vez mais na sua História, considerou que para ser grande como o Benfica teria de ter consigo um pouco de Benfica. Levou então Jorge Jesus para Alvalade.

  • Foi de esperança quando, munido do ex-treinador Bi-Campeão pelo clube da Luz, considerou-se, justificadamente, candidato ao título nacional de futebol.

  • Foi de inveja quando, tendo vencido o primeiro assalto de um combate longo que seria sempre ganho aos pontos, se vestiu da capa sobranceira que define os pequenos e fez "pirraça" ao adversário dorido.

  • Foi de esperança quando, mesmo quando as exibições da equipa não estavam ao nível desejado, conseguiam ir ganhando os seus jogos, ganhando distância.

  • Foi de inveja quando, perante equipas que lutavam para não descer, perderam pontos inescusáveis e viram o seu adversário, outrora ferido, erguer-se de novo.

  • Foi de esperança quando, tendo feito uso da janela de transferências, reforçaram a defesa e reequilibraram a equipa para manter o primeiro lugar.

  • Foi de inveja quando, tendo cedo saído das competições europeias (tanto da grande como da pequena), olharam com desdém para o que o seu adversário ia amealhando, bem ou mal, pela Europa.

  • Foi de esperança quando viram o rival nortenho relançar-se à luta vencendo na Luz, deixando novo encontro, agora decisivo, marcado para sua casa, em Alvalade.

  • Foi de inveja quando no seu próprio campo, foi o adversário que outrora haviam ferido a vencer, escusando-se o Sporting ao reconhecimento do mérito oposto e dos erros próprios, refugiando-se na "sorte" e no "azar".

  • Foi de esperança quando, parecendo ultrapassar as suas jornadas com vitórias mais ou menos fáceis, até ao minuto 90 no Bessa viram-se na frente uma vez mais, até Jonas, a figura-mor do plantel actual, marcar um golo ao alcance só dos melhores e voltar a colocar o Sport Lisboa e Benfica na frente.

  • Foi de inveja quando só falaram do clube da Luz ter dificuldades no jogo seguinte, quando os de Alvalade iam jogar perante equipas teoricamente mais difíceis, acusando o rival de soberba e euforia que eles - e só eles - vestiram a época toda.

  • Foi de esperança quando marcaram primeiro na jornada das decisões, passando para a frente, eufóricos de novo... durante 3 minutos, até Gaitán fazer explodir a Luz.

  • Foi de inveja quando, tendo cantado a (Rui) Vitória no "Bailando", saíram tropeçando na pobre relva de Alvalade em segundo lugar, ostentando a desresponsabilização e frustração que só os fanfarrões demonstram no momento da derrota.

 

O Sporting Clube de Portugal, clube enorme e principal rival Histórico do nosso Glorioso Sport Lisboa e Benfica, foi, no futebol, todo este verde esta época.

 

Ora bem, ontem, eu que nem sou adepto do Basquetebol, apanhei na BTV a "negra" das meias finais do campeonato nacional da modalidade, que opunha o Sport Lisboa e Benfica à União Desportiva Oliveirense. Que grande jogo fez o nosso adversário! A espaços foi brilhante e conseguiu dominar o tetra-campeão no pavilhão da Luz.

Ao fim do 3º período, lideravam o marcador por 10 pontos, vantagem considerável. Podiam ter optado aí, se quisessem escolher o verde como inspiração, essa côr como símbolo da esperança, legítima, de derrotar o campeão no seu próprio pavilhão! Só que foi o inverso, pois foi nesse momento que sobressaiu o pecado verde da Oliveirense:

 

«E quem não salta é Lampião».

 

Este cântico não só define a tal inveja verde, patente no clube nosso rival, como desliga o apoio ao próprio para que se altere o foco para o adversário. Deixa de ser uma vontade de ganhar, para ser uma vontade de que o Benfica perca. Ainda por cima numa época como esta, os adeptos do clube de Oliveira de Azeméis deviam saber que isso iria virar-se contra a sua equipa no pavilhão do Sport Lisboa e Benfica.

Resultado? O Benfica fez um 4º período inacreditável, recuperou da desvantagem, esteve na frente e só foi a prolongamento porque Cook falhou o último lançamento. Após dois brilhantes prolongamentos (em que não mais se ouviu o tal cântico - provavelmente por se terem apercebido do efeito contrário que provocara) o campeão superou o seu adversário e conseguiu chegar, por dois pontos, a mais uma final.

(Não encontro um vídeo com o resumo do jogo. Assim que encontrar, coloco aqui)


O jogo de ontem lembrou-me a brilhante final da "Liga dos Campeões" do Hóquei em Patins, também contra a Oliveirense. Da mesma forma, a União Desportiva Oliveirense teve o jogo na mão. Só que foi a equipa (e principalmente por culpa do seu treinador, o conhecido Portista Tó Neves), que se desmoronou em insultos ao árbitro, ao público, ao banco do seu adversário, quiçá, insultos à própria divindade de que é crente (se o for de alguma). Essa postura desmontou uma equipa que tinha o jogo controlado, perante um Sport Lisboa e Benfica que não conseguia juntar dois passes seguidos. Tó Neves teve a esperança, perfeitamente legitimada pelo que se passava no ringue, de conquistar o troféu, mas deixou que, à mínima contrariedade, se desfizesse em inveja. Eu não percebo o suficiente, tecnicamente, de Hóquei para poder afirmar se Tó Neves tinha ou não razão nas suas queixas. O máximo que consigo ver é se empurrou ou não, se lhe deu com o stick ou não. No entanto, todos os campeões têm momentos em que são prejudicados - pelo árbitro ou até pela sorte - e o que os faz ou desfaz é a reacção a esses momentos.

 

Este foi, para ambas as modalidades, o pecado verde da União Desportiva Oliveirense.

 

Parabéns às equipas de Hóquei e Basquetebol do Glorioso e muita força e confiança no Andebol e Futsal. Contamos convosco!

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rematado às 11:27




1 comentário

De RMC a 19.05.2016 às 19:37

Excelente!

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Ao Colinho do Isaías

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O verdadeiro Isaías!


Jorge Jesus? Nunca Mais!


Jonas, um de nós!


Campeões Eternos


Fehér, eterno 29


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