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Na primeira época de Jorge Jesus no Glorioso, a equipa do Sport Lisboa e Benfica teve uma fase de verdadeiro rolo compressor, uma vez ultrapassado o decepcionante empate na primeira jornada, na Luz, com o Marítimo. A partir daí entrou num ritmo avassalador, esmagando etapas uma atrás das outras durante um período significativo.
À oitava jornada, o SL Benfica recebia o CD Nacional, na altura como agora liderado por Manuel Machado (que regressou ao clube Madeirense após umas outras aventuras menos conseguidas). Começou aí, penso eu, uma picardia nada saudável, motivada pela já conhecida "fanfarronice taberneira" que era na altura muito mais evidente em Jesus que agora, no período pré media training.
A equipa do Benfica começou melhor e Cardozo marca o primeiro, após brilhante jogada colectiva, confirmando para todos os presentes que não havia ali lugar para abrandamento. Só que o Nacional chega ao empate num lance irregular (milimétrico, mas fora-de-jogo) e coloca a dúvida nos ânimos na Luz. A partir daí, só deu Benfica.
Saviola faz (de cabeça!!) o 2-1 e já na segunda parte, Cardozo bisa, de penalty, para o 3-1. Depois, foi a vez de Saviola bisar também, com a assistência de Cardozo (com dúvidas se houve mão), e colocar o resultado em 4-1.
Jesus estava fora de si. O jogo virara e o Benfica estava agora "a dar baile". Foi neste momento que se celebrizou um dos gestos mais emblemáticos da primeira época de Jorge Jesus no Benfica. Virando-se para o banco do Nacional, erguendo os quatro dedos e deixando-os dançar ao sabor da vitória, JJ "picava" Manuel Machado e dava início a uma rivalidade que dura até hoje.
O jogo ainda teve mais: Nuno Gomes fez o 5-1 e novo penalty deu a Cardozo um hat trick.
Acerca do comportamento de Jorge Jesus, Manuel Machado, já conhecido pela retórica algo rebuscada com que brindava os jornalistas em muitas conferências de imprensa, respondeu de forma afectada:
Trago-vos a lembrança deste episódio porque este fim de semana, acabou por ser o rival Machado a cortar na Madeira, parcialmente, o enorme pecado de Jesus em Vila do Conde.
No comentário a um artigo anterior, assumi-me como fã de Jesus, sendo conhecedor das suas virtudes e defeitos. Pois bem, perante um Rio Ave organizado, espevitado e que nunca virou a cara à luta, a equipa do Benfica expôs, uma vez mais, as fragilidades do plano de jogo para este tipo de deslocações.
Não há, esta época, grande diferença entre o Paços de Ferreira e o Rio Ave e, se o Benfica tivesse marcado cedo diante do Paços, provavelmente o próprio jogo e desfecho seriam semelhantes. Até Gaitán faltou em ambos jogos.
A verdade é que o golo cedo, que podia dar a tranquilidade que deu nos Barreiros, acabou por atirar a equipa para uma completa escassez de ideias, retirada que foi do seu estilo de jogo preferido pela pressão dos adversários, pela dimensão do terrenos de jogo e, claro está, pelo próprio valor da equipa contrária. O Rio Ave, a par do Paços, soube explorar as debilidades defensivas da linha subida do Benfica que, a jogar fora, merece ser revista com urgência. Perante equipas que disponham de avançados rápidos e que guardem bem a bola, um passe (ou mesmo um "chutão") para as costas dessa linha defensiva (particularmente, para as alas e de entre essas a mais frágil é a de Eliseu) é, quase sempre, um momento de aperto. Foi por aí que tanto o Paços como o Rio Ave venceram os seus jogos.
É que neste momento, o Benfica sem Gaitán não tem o mesmo motor - ou melhor dizendo, tem o mesmo motor, mas anda sem piloto. Nem Jonas teve como mostrar serviço e Lima falhou na Hora H. A equipa não soube tomar conta dos acontecimentos, jogando mais próxima, trocando a bola, frustrando o adversário e obrigando-o a cometer um outro erro que desse no 0-2. Como já tenho lido por aí, "pôs-se a jeito".
Este enorme pecado (repetido) de Jorge Jesus foi, no entanto, aliviado por Manuel Machado e o seu CD Nacional. A equipa da Choupana fez uma grande exibição também, por seu lado, e só não deu a volta completa ao marcador porque um dos seus avançados teve um momento inacreditável perante a baliza aberta. Ainda assim, este 1-1 oferecido pelo rival Machado, deu a Jesus uma absolvição parcial. Irá ele aproveitá-la?
É que já a seguir vem o Machado à Luz.
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