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Os precedentes de que ninguém fala

por Ao Colinho do Isaías, em 16.05.18

O que se passou ontem em Alcochete, na Academia do Sporting Clube de Portugal, foi um dos episódios mais tóxicos do futebol Português, mas, vejo que ninguém na comunicação social é capaz de afirmar, não é incidente sem um precedente facilmente identificável.

 

A violência é o culminar de todo um processo que despoja a mente de todas as barreiras, fronteiras e regras, por forma a trazer à tona da consciência a condição natural do animal (neste caso humano, mas não exclusivamente). Essa condição natural é violenta, pois num habitat desprovido de protecção civilizacional, esse é o tipo de comportamento que permite sobrevivência.

 

Bruno de Carvalho (quer consciente, quer inconscientemente) tem vindo a incendiar progressivamente todas as barreiras que travam o regresso à barbárie natural. O auge que se atingiu ontem (veremos se é, realmente, o auge ou se ainda vai piorar) passou por todo um processo em que ele foi provocando as pessoas que lhe prestavam atenção a despir-se do "fardo" moral gradualmente. Nisto, a comunicação social (nada mais que abutres, vivendo da morte e da desgraça - que também ajuda a despir a sociedade dos tais valores) tem tanta ou mais responsabilidade que o próprio Presidente do Sporting, eleito com esmagadora vantagem.

 

Contudo, não vejo ninguém a apresentar a conclusão lógica e óbvia: é que Bruno de Carvalho é, ele próprio, filho de um processo cultural que promoveu durante décadas não só a legitimação da violência, como da corrupção e do populismo.

Ora, então vejamos:

 

- Quem é que deu início à integração da ideia extremista de "nós contra eles" no futebol nacional?
Foi José Maria Pedroto, que depois ensinou Pinto da Costa.

 

- Quem é que pela primeira vez se serviu de um estilo ordinário e provocador, por forma a atrair para si os mais fracos de espírito, que passaram a ver nele o grande general de uma guerra que nem sequer era real, mas que ele inventou para esse fim?
Foi José Maria Pedroto, que depois ensinou Pinto da Costa.

 

- Quem é que incentivou, promoveu e se serviu de violência organizada para aterrorizar os constituintes das instituições desportivas e de comunicação social que, uma vez despojados pela violência, passaram a ser por si minados?
Foi José Maria Pedroto, que depois ensinou Pinto da Costa e a sua trupe.

 

- Quem é que legitimou o uso da corrupção no desporto como forma "normal" de gestão?

Foi José Maria Pedroto, que depois ensinou a Pinto da Costa.

Não se pode olhar para o incidente de ontem, na Academia do Sporting em Alcochete sem fazer a óbvia ligação cultural ao incidente do Verão Quente das Antas de 1980, nem ao gradual surgimento do tal processo de ódio que lhe deu origem.

A diferença, óbvia, entre a dupla Pedroto / Pinto da Costa e Bruno de Carvalho é que os primeiros tiveram como objectivo dar sucesso ao seu clube por quaisquer meios, enquanto que o segundo, por fixar o condão da (tentativa de) glória em si mesmo, acabou por revelar tendências auto-destrutivas que arrastam a responsabilidade de uma significativa fatia de sócios do seu clube.

 

Enquanto não se fizer esta ligação pública e Histórica entre a origem desta cultura e os seus sintomas e produtos finais, a cultura permanecerá, para bem de todos os que se alimentam dela, qual parasitas, destruindo o "corpo" onde residem, e novos e piores "filhos" desse processo destruidor surgirão para incendiar o Amanhã - quiçá, não só no desporto.

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rematado às 09:54




16 comentários

De Jorge Mata a 16.05.2018 às 13:58

Texto incisivo e factual, parabéns!

De Joca a 16.05.2018 às 14:17

Sóbrio e exacto, bom texto.

De Anónimo a 16.05.2018 às 14:19

Pensei e-x-a-c-t-a-m-e-n-t-e a mesma coisa, ainda bem que não sou o único a ver isto. Parabéns pela análise.

De João Fonseca a 16.05.2018 às 14:39

100% de acordo! Pedroto (conjutamente com pinto da costa, em finais dos anos setenta) acendeu o rastilho da bomba que nos explode agora nas mãos. Mas ele foi uma figura que a comunicação social, e a sociedade portuguesa como um todo, beatificaram porque, 'coitado, morreu tão novo'...

Excelente post para não branquear a memória

De Ao Colinho do Isaías a 16.05.2018 às 15:04

Caro João Fonseca,

Não acho que realmente tenha sido porque morreu novo que a comunicação social (e instituições desportivas, como a Federação) lhe prestaram tanta vassalagem.

Terá sido sim porque, após abrirem o vácuo nestas entidades (comunicação social e entidades federativas), esse vazio foi ocupado por gente alinhada com esta cultura, sabendo que dela se iria alimentar muitos anos.

O branqueamento de quem Pedroto realmente foi é essencial para a manutenção da ilusória paz que tapa o ódio e a corrupção - ainda hoje.

Cumprimentos,
A. Isaías

De BenficaCampeão a 16.05.2018 às 15:55

Concordo com tudo...é precisamente esta a minha ideia.Ninguém se pode esquecer da história nem ignorar os mais diversos factos.
Actualmente o foco está em Bruno de Carvalho,mas a origem deste problema está mais a Norte...Pedroto e Pinto da Costa são os mentores desta podridão.
Este texto merece ser partilhado...façam-no por favor.

De B.S. a 16.05.2018 às 16:32

Quem é que inventou o Pinto da Costa, o comerciante de electrodomésticos (de contrabando) que nem uma pequena loja em Aveiro conseguiu segurar? O Pedroto!

De BENFICA365 a 16.05.2018 às 17:00

Meu Caro:
Não precisei sequer de ler o texto com rigor e até o fim, porque chame o que quiser, é do tipo basta olhar que já sei o que se passa...
O que me revolta é que este gajo- o pedroto é encarado como um herói, como um mestre e ninguém é capaz de pintar o que realmente este tipo foi.. fazem uma avaliação de um tipo de bem... isso revolta-me...
este foi o homem que plantou a 1ª semente de ódio no DESPORTO nacional.
Saudações

De Ao Colinho do Isaías a 16.05.2018 às 18:02

Caríssimo Benfica365,

Absolutamente de acordo e é isso que quero que nunca seja esquecido:

Apesar da lavagem de imagem, Pedroto é, factual e comprovadamente, o pai/avô moral da cultura de ódio com a qual hoje todos se indignam.

Os mais variados indignados querem mesmo resolver? Resolvam então a mentira Histórica acerca de Pedroto, para que se possa aprender com o passado - pois é essa a função dessa disciplina.

Cumprimentos!
A. Isaías

De BENFICA365 a 16.05.2018 às 18:41

Meu caro:
Não sei como podemos as desmentir, desmistificar, mas entre muitas inverdades há pelo menos três que levam-me quase ao desespero, porque apesar de apresentar factos e mais factos e contra-factos quando as pessoas são desonestas intelectualmente ou pretendem continuar a ser só para que a mentira se torne a verdade universal, lamento mas acabo por desistir por cansaço... (deixo-os sempre com "... sabem? vocês tem toda a razão")
1. a história de encantar à volta do mito pedroto
2. a colagem do Benfica ao antigo regime ou clube do regime
3. o caso calabote

Saudações

De Ao Colinho do Isaías a 16.05.2018 às 18:56

Mas caro amigo,

Sabe porque é que esses três pontos são intocáveis para os "crentes" no Pinto-da-Costismo?

São intocáveis porque esses são os três pontos-chave onde o novo-Porto (o de depois da tomada de assalto pela dupla em questão) se baseou para que o povo da região se unisse à sua volta. São, digamos, os dogmas dessa religião - não é preciso que façam sentido, é apenas preciso crer fervorosamente... para se ser neo-Portista.

Sem esses pontos, não haveria força para unir as gentes da região, pois não haveria inimigo comum. O Benfica foi o inimigo eleito por representar a grandeza com que, há que dizê-lo, o antigo-Porto se identificava - daí as boas relações entre os clubes até Pedroto / Pinto da Costa, que até se convidaram mutuamente para as inaugurações dos respectivos estádios.
Não partilhavam os mesmo ideais, não, mas admiravam-se mutuamente pela sua força desportiva.

Se um Portista hoje aceitar a falsidade das versões de Pinto da Costa sobre esses três pontos, com que fica do seu Portismo? Fica com os valores de um antigo-Porto que, por cautela, Pinto da Costa também já se encarregou de tentar esconder e reescrever.

Abraço!
A. Isaías

De Anónimo a 16.05.2018 às 17:01

Assino por baixo.
Pela primeira vez ouvi alguem dizer aquilo que eu já à muito tempo penso.
Essa criatura que dava pelo nome de pedroto é ,foi o obreiro daquilo que se esta hoje a passar neste pobre futebol e já com ramificações noutras modalidades.

De Narciso Baeta a 16.05.2018 às 18:16

A estupidez é uma cegueira do espírito: não mata, mas dificulta!

De Anónimo a 16.05.2018 às 22:16

Boa noite.,

Isso é o que já digo faz anos, mas muitos foram coniventes, políticos e comunicação social, lembrem-se do que aconteceu em Abril de 1991 no Porto

De Ao Colinho do Isaías a 17.05.2018 às 08:35

Ninguém esquece e convém lembrar:

https://www.youtube.com/watch?v=5imKxNvZxAg

Cumprimentos,
A. Isaías

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