Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Do futebol praticado pela equipa do Sport Lisboa e Benfica em Astana, há, colectivamente, pouco ou nada de novo a dizer. As falhas de posicionamento defensivo mantêm-se e a dinâmica ofensiva continua pobre, tendo sido menos visível pela falta de qualidade relativa do adversário.
Houve, no entanto, no aspecto individual uma certeza que só se houver uma escandalosa cegueira por parte do actual treinador do Benfica, Rui Vitória, não será implementada: Renato Sanches é o novo titular indiscutível.
O rapaz encheu o campo. Esteve presente no momento defensivo, posicionando-se sempre bem, e foi um verdadeiro motor ofensivamente, procurando sempre a conquista de terreno, com bola, ao adversário e eficaz e sem medo no momento de decidir, sempre bem, um passe.
Foi ele o desequilibrador. Foi ele a luz intensa de um farol no mar de escuridão futebolística que caracteriza o futebol actual Benfiquista.
Desengane-se, ainda assim, quem pense que ganhar Sanches, Semedo ou Guedes equivalem a vitórias. A aposta nos talentos do Seixal já estava atrasada, de acordo, mas este não é o melhor método para a implementar.
Sob a perspectiva de uma efectiva mudança na filosofia do futebol do Benfica, não é a saída do anterior treinador, Jorge Jesus, que me preocupa - é sim a escolha do sucessor. É que "atirar" jovens para dentro de campo qualquer um pode e consegue fazer. Integrá-los num esquema táctico e filosofias vitoriosas é difícil e requer que o treinador alie a uma sabedoria táctica impecável, uma capacidade humana acima da média para conseguir comunicar com tanto jovens como veteranos, para aliá-los na luta pela vitória.
Sanches, tal como Semedo antes de se lesionar, é um heroi apenas porque a ausência de competência táctica e estratégica obriga a que seja a criatividade e a capacidade física individuais a fazer a diferença. Com um jogo colectivo competente, o heroismo dilui-se e a vitória torna-se mais provável.
Pela minha parte, preferia que a ascensão destes talentos se fizesse dessa outra forma competente e vitoriosa, sem heroismos, para que mais tarde não se possam tornar vilões quando não puderem, num dia mau, corresponder às elevadas expectativas que aos seus jovens ombros foram colocadas. Receio que, para isso, seja necessário mesmo outro treinador.
Ainda assim, tenho de deixar os meus parabéns, merecidos, pela qualificação no seu todo. Espero que seja possível alcançar o primeiro lugar na Luz!
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Vencer o estreante Astana na primeira jornada da Champions, em casa, era o objectivo mínimo exigível ao Sport Lisboa e Benfica - e foi cumprido. Não foi uma exibição deslumbrante, mas não foi tão fraca como tenho lido por aí na blogosfera Gloriosa. Há muito ainda a melhorar, mas já muito foi melhorado também. Este adversário apresentou-se com a lição bem estudada e requereu uma mexida táctica que foi bem implementada ao intervalo por Rui Vitória.
A dinâmica ofensiva viu-se, a espaços, na primeira parte, mas, não concretizando o primeiro golo, o Benfica permitiu que o adversário adormecesse o jogo inteligentemente. Jonas não foi tão mortífero hoje como é costume (não pode ser sempre, infelizmente!) e isso foi intranquilizando a equipa.
Com a alteração na segunda parte, particularmente Samaris a descair evidentemente para a posição de lateral direito, tapando e encorajando as investidas de Nélson Semedo e permitindo que Gonçalo Guedes investisse mais em tabelas e jogo interior. Guedes não esteve a bom nível ainda, ao contrário do Nélson - sim revela inexperiência, mas também uma vontade enorme e uma capacidade de dar pulmão ao jogo fora-de-série: o melhor critério virá com o tempo, acredito.
Só que não foi só desse lado que ocorreu a diferença táctica para a segunda parte: Mitroglou passou a ter ordens para procurar mais os espaços na ala esquerda, libertando Gaitán para o jogo livre e criativo, contando com as subidas de Eliseu, para os apoios. Foi precisamente daí que nasceu o desbloqueio do jogo: tabela rápida com Mitroglou a transportar o defesa, abrindo a brecha para que Gaitán, na sua classe imensa, fizesse o resto. O um a zero, depois do susto que o Astana pregou logo no início da segunda parte, com uma bola ao poste perante a desconcentração de Jardel, trazia então a tranquilidade para partir para cima do adversário e matar o jogo.
Outra vez pelo lado esquerdo, contando com o apoio de Eliseu naquela ala, nasceu o segundo golo: lance de desequilíbrio puxando o lateral esquerdo do Astana, lançando Eliseu isolado que, tendo pelo menos duas escolhas (Jonas e Mitroglou), escolheu a mais visível e deixou o grego fazer o dois a zero.
Defensivamente não houve muito trabalho, mas notou-se ainda alguma fragilidade, pelo que há ainda muito a melhorar, mas o objectivo mínimo exigível para este primeiro jogo na Liga dos Campeões foi cumprido.
Quanto ao jogo jogado, continua a não estar tudo bem nem tudo mal, mas nota-se que há uma evolução sustentada e começa a perceber-se que Rui Vitória sabe, pelo menos, ler o jogo e emendar.
Uma coisa é certa: Gaitán é de outro mundo. Faz-me sentir como se tivessemos ali um Messi que ninguém mais conhece. Espero que seja possível, mesmo que improvável, mantê-lo até ao final da época, pelo menos!
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.