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Após um fim de semana no qual a equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica alargou um pouco a vantagem em relação ao Porto na segunda posição - tendo vencido o Marítimo enquanto que o Braga empatou com o segundo classificado - assistimos agora a mais um desfile de vitimização desresponsabilizante por parte de quem já poucos argumentos vai tendo para fazer vingar os seus ideais (se é que os tem de todo).
Com isto dito, não pretendo validar os cânticos dos adeptos Benfiquistas referentes ao trágico acidente de 1996 no Jamor. Bem pelo contrário.
São condenáveis e nada condizentes com o que o Benfica é.
Contudo, todos nós, Benfiquistas, Sportinguistas, Portistas, etc, partilhamos esta condição humana, com tudo o que tal acarreta. Alguns de nós pretendem transcendê-la, outros usufruí-la, por a favorecerem, outros apenas vão existindo. Estamos todos seguramente cientes, apesar de alguns moralismos fáceis que surgem sempre nestas alturas, que partilhamos todos desta tentação retaliatória perante a provocação, perante o insulto que, por vezes, parece nos ofender mais que uma agressão física. Faz parte da condição humana que todos partilhamos.
Os que agora se exibem na procissão da beatificação de vítimas destes horrendos cânticos (e reafirmo que são horrendos sem qualquer ironia), querem limpar seus próprios pecados, desviando atenções sobre as pedras que eles próprios lançaram sobre humanos, que, tal como eles mesmos, retaliaram. Para além do que se ouve abaixo, não esqueçamos aquele vídeo de há uns anos em que se apelava ao genocídio dos Benfiquistas, por exemplo, nem tão pouco do que tem sido a comunicação oriunda da instituição Sporting Clube de Portugal (particularmente desde a tomada de posse de Bruno de Carvalho) e da instituição Futebol Clube do Porto.
"Bem prega Frei Tomás! Faz o que ele diz, não faças o que ele faz!"
Melhor teria sido não retaliar desta forma absurda, mas que surjam então os santos entre os demais para nos mostrar como se faz com os seus actos, mais que com as suas palavras recheadas de falsa moral. Que aqueles que agora choram as palavras ofensivas não sejam aqueles que acossam o pior lado que todo o ser humano tem, seja ele adepto de que clube for ou tenha ele o ideal que tiver.
A equipa do Sport Lisboa e Benfica, os tais rapazes com o Fogo Sagrado, esses têm de se focar no seu trabalho somente. O barulho à sua volta é somente o reflexo do sucesso do seu caminho. Caminhá-lo é não ceder à tentação de competir contra os outros, mas sim manterem-se em competição consigo mesmos, com os seus próprios limites, transcendendo-os.
Depois do modo bastante afortunado (e crente!) como conseguiu o Benfica sair com um ponto do Dragão, numa partida em que foi claramente inferior, ficara uma pulga atrás da orelha de cada um dos Benfiquistas.
Após uma sequência tão boa de exibições, seria aquele jogo no Porto um ponto de viragem exibicional?
A resposta, após esta paragem das selecções (que nos trouxe mais um lesionado, volta lá rápido André!), foi um banho de bola tal que deu para lavar atrás da orelha e soltar a pulguinha que lá se alojara.
O Marítimo é que se apresentou muito frágil para defrontar uma equipa tão dinâmica e pressionante como o Benfica foi durante todo o encontro. Há muito ali a rever para a equipa Madeirense. Esta decisão de alterar as suas habituais listas verticais para horizontais, no equipamento, deu-lhes um ar de Freddy Krueger - sendo que neste caso o pesadelo foi mesmo deles próprios.
Foi o Benfica muito bom ou o Marítimo muito mau?
Ambos!
Carrega Benfica!
Alegria pela conquista de sexta-feira, a 7ª Taça da Liga, demonstrando, de novo, que é nosso o melhor ataque desta época...
mas tristeza pela saída confirmada de Nico Gaitán. Sim, ele merece melhor contrato e sim, o futebol hoje em dia é feito de despedidas para clubes sem condição financeira para controlar o mercado de transferências. Ainda assim, há muito de romantismo "à antiga" na despedida do nosso Nico, daí o momento especial. Aquelas lágrimas não são de crocodilo, mas sim de uma águia rubra que voou com a mística de um clube que, tal como ele, nasceu pequeno num cantinho incerto de uma grande cidade, mas fez-se gigante de coração, com o qual se superou para chegar à vitória, à glória e ao reconhecimento.
Força Nico! Volta sempre.
Passada a tempestade ventosa que quase punha em causa a realização do jogo, apareceu a tempestade das adversidades que teimam em atravessar-se no caminho do Glorioso. Como bom marinheiro, Rui Vitória conseguiu, apesar delas, levar a bom porto a sua excelente tripulação em mais uma paragem rumo ao destino traçado.
Nesse ponto, Rui Vitória tem se revelado extraordinário: nunca treme, mesmo quando o vento que rodeia o Benfica abana a sua equipa. A equipa mudou a qualidade do seu futebol ao longo da época, mas ele nunca o seu discurso. Sempre calmo (excepto para dar breve resposta a quem o desrespeitou publicamente) e sempre coerente.
Pela parte que me toca, dou a mão à palmatória: fui dos que descreram da sua capacidade de liderança, da sua capacidade técnica para colocar a equipa a render. Enganei-me, com muita felicidade me enganei, em tudo isto.
Com uma inabalável convicção, perante a adversidade dividida entre um amarelo ridículo e uma atitude que só a juventude pode explicar, a equipa nunca perdeu a crença, reajustou-se, reencontrou-se e até se superou. Venceu o Marítimo que só não foi melhor porque a organização da equipa do Benfica não permitiu - esta é a realidade. Pouco mais há a dizer do jogo. Do campeonato, se fala no fim.
Falta uma final, agora a mais importante de todas. Falta uma, na Catedral!
Transformou o vendaval destruidor em vento favorável à sua vela içada.
É na tempestade que se conhece o marinheiro.
NOTA: Rápidas melhoras ao infortunado jogador Maurício. Quero também dar os parabéns aos campeões Iniciados. Cá vos aguardamos daqui a uns anos, para envergarem o manto sagrado.
No último jogo do campeonato, o grande Jonas conseguiu tornar-se no melhor marcador apesar de apenas ter chegado em Janeiro. Absolutamente notável! É claro que o fiscal de linha anulou, mas mesmo esse não seria necessário se os golos mal validados ao Jackson não contassem.
Enfim, o Jonas nem ficou aborrecido e eu também não. Um pouco como quando os miúdos querem muito ganhar às cartas e os adultos deixam que se faça batota para que eles fiquem contentes e não façam birra - não traz boa educação, mas compreende-se.
Na final da Taça da Liga, perante um Marítimo um pouco "trauliteiro" demais, o Glorioso lá conseguiu mais uma para a colecção. Dos jogos anteriores nesta época, os madeirenses perceberam que precisavam de travar os jogadores do Benfica com o que fosse possível. Se o árbitro não estivesse ali para ajudar à festa, a final tinha acabado mais cedo... mas assim também foi bom. Ao menos ninguém se lesionou!
O Luisão já não precisa de treino de pesos no ginásio do Seixal. Tantas são as vezes que ergue taças pesadas e anda com elas de um lado para o outro... cuidado com as hérnias! Precisamos de ti, Capitão!
Na Taça de Portugal, venceu o Sporting, lançando o derby eterno para a Supertaça. Foi uma vitória incrível em condições muito difíceis. O Braga não matou o jogo e o Sporting foi acreditando. A sorte favoreceu os mais audazes.
Foi o desfecho que preferi. O meu falecido pai, que era Sportinguista, teria jubilado. Onde quer que estejas, estás a sorrir com esta taça, não é? :-) Muitas saudades dos derbies que assistimos juntos... seria contigo que veria esta próxima Supertaça também.
O Braga tem muita ambição, o que é saudável, mas tem também muito más companhias e influências. Como disse neste post, não basta ter «vontade de ir para cima deles», há que jogar à bola, também.
Um conselho para os bracarenses:
«Para ser GRANDE, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive
Ricardo Reis
(Fernando Pessoa)»
Funcionou para o Sport Lisboa e Benfica.
PS: Aguardo pacientemente pelo final da novela Jesus/Maxi.
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