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Há muito que considero que, neste tipo de campos, como o de Moreira de Cónegos, as equipas que o Benfica deve apresentar terão de ser formadas por elementos de músculo. São terrenos complicados pela forma como a sua própria dimensão e estado dificultam a circulação da bola e são um impedimento à técnica.
Ontem, apesar de o onze inicial não ter sido composto pelos elementos que maiores garantias ofereceriam em termos de capacidade de luta e muscular, foi uma equipa que se entregou à partida e acabou por construir esta vitória de forma muito semelhante à que conseguiu diante do Feirense em Santa Maria da Feira. É possível jogar mais que isto num campo destes, é. Só que é preferível esta visão pragmática sobre o resultado que se tem na mão (afinal, esta equipa derrotou-nos na meia-final da Taça da Liga e aquela dupla de ataque quase que voltava a fazer estragos novamente).
Se me perguntarem se este Benfica deslumbra neste momento, claro que respondo que não. Contudo, este é o Tugão e os anos 70 e 80 já lá vão. Desde o Mundial Itália 90 que o futebol, tacticamente, mudou - há que olhar para esse aspecto cultural também. Não quero com isto dizer que o Benfica não pode nem deve jogar mais. Quero sim dizer que a época é bem mais "longa" para quem tem de jogar meia época de futebol e outra metade de "assim-assim" em campos destes.
Se se quiser um futebol de elite com maior qualidade, é necessário ter coragem para mudar o que é necessário, para criar condições a que o espectáculo seja melhor. Já referi algumas dessas ideias anteriormente, pelo que não me repetirei.
Neste tipo de jogos, são os Benfiquistas, aqueles que lá estão nas bancadas e aqueles que se entregam a hora e meia de "prezado sofrimento" em frente a uma TV, que marcam os golos - é mesmo!
Nota final: Samaris. Ele que é um dos meus jogadores preferidos no plantel, pelo quanto sente a camisola que veste. Quer ele tenha ameaçado, quer tenha mesmo agredido, teve uma atitude repreensível que deverá ter também uma análise interna. Ao contrário do que arruaceiros armados em doutos e civilizados cidadãos querem que as pessoas creiam, o Benfica não é, nem nunca foi, isto.
Com o regresso à Liga, o Benfica tinha pela frente um Belenenses que vinha a melhorar bastante nos tempos recentes, podendo, fruto disso, vir jogar futebol à Luz... nos períodos em que o Benfica lho permitiu.
Entrando forte e determinado, procurando provocar o erro madrugador do adversário, o Glorioso adiantou-se no marcador num lance de crença de André Almeida e de infortúnio para o nosso conhecido Miguel Rosa. Curioso como o dedo é apontado ao jogador por querer atrasar de peito para o guarda-redes, mas ninguém parece compreender que nenhum dos seus companheiros, podendo ver a presença de uma camisola vermelha por detrás de si, lhe lançou o aviso.
De qualquer forma, após o golo obtido e mais uma ou outra jogada interessante e promissora, mas sem conclusão, o Belenenses começou a estabilizar e aproveitou o abrandamento Benfiquista para jogar. Arriscando uma defesa bem subida, com o sucesso de ter cortado três lances de perigo com essa "armadilha", os Belenenses começavam a acreditar que com um golo virariam o rumo do jogo. Só que ao intervalo estava 1-0. Resultado parco para justificar tanto abrandamento no Benfica, ainda que se possa explicar com alguma fadiga europeia, talvez.
Na segunda parte, os azuis quiseram realmente procurar a fortuna e o resultado e conseguiram, num par de lances, assustar a defesa do Benfica. Num deles, a bola vai ao poste (Miguel Rosa outra vez) e logo a seguir Mitroglou faz o 2-0 de forma espectacular. Foi fazer do ataque a melhor defesa, sem dúvida, mas abrandar com 1-0, que não é situação nova, é demasiado arriscado numa fase em que a margem de erro é mínima.
A partir daqui, mais seguro, o Benfica susteve o Belenenses sem sustos de maior e conseguiu o golo da tranquilidade pouco depois, por Salvio, arrumando a questão, indo ainda a tempo de ver Jonas regressar aos golos, após uma brilhante triangulação com Samaris (bom jogo) e Mitroglou, e também de ver André Horta regressar à equipa tanto tempo depois, ainda que só por 5 minutos.
Haverá campeonato até ao fim. Contudo, quem tem este ataque, tem a melhor defesa possível ao seu título de campeão.
Ainda não acabou, o caso acima, ainda que já tenha sido concluído oficialmente. O Sr. Domingos Cordeiro, vogal no caso, escreveu uma carta aberta a expôr o que considera ser «tudo menos uma decisão baseada na Lei e nos Regulamentos. É, antes, uma decisão de política desportiva, determinada por "atendismos"».
O Benfica manda nisto tudo!... Não é?
O Conselho de Disciplina (CD) justificou a decisão de absolver Slimani por considerar que não foi provado que o argelino "tenha corrido na direção do jogador n.º 7 do Benfica (Samaris) atingindo-o com o braço direito na nuca e agindo livre e conscientemente, bem sabendo que ao atingir o jogador adversário estaria a violar o RD da FPF". Além disso, o CD também não concluiu "sem margem para dúvidas que o lance não foi observado por nenhum elemento da equipa de arbitragem".No acórdão, a que Record teve acesso, explicam-se também os termos da defesa de Slimani. "Não estava a correr na direção do jogador Samaris, mas sim, tal como é visível nas imagens, na direção da bola", argumentam os leões.
"O arguido [Slimani], perante a obstaculização do jogador Andreas Samaris, que abre os braços e se desloca lateralmente no momento em que o tentava contornar, tem a reação instintiva de atirar o braço para a frente, tentando rodar o seu corpo, e desfortunadamente atinge aquele jogador", diz ainda a defesa do Sporting, garantindo que "caso o arguido não tivesse projetado o braço para a frente, teria sido atingido na zona do peito pelo cotovelo" de Samaris.
Outra das razões apresentadas pelo emblema de Alvalade é "pela posição relativa do árbitro, da bola e dos jogadores Slimani e Samaris, facilmente se conclui que o lance do choque estava perfeitamente enquadrado com a linha de visão do árbitro", pelo que, conclui, Jorge Sousa "não pode ter deixado de observar o lance".
https://en.wikipedia.org/wiki/Rabbit_punch
Aqui o Teo "Plata o Plombo" Gutierrez também "tentou tirar o pé" e até "já telefonou ao Ventura" para pedir desculpa. E estava a ganhar, se tivesse a perder ou empatado, tinha arrancado a cabeça.
Um dia morre alguém e depois podemos fazer um minuto de silêncio e ficar muito consternados pela tragédia imprevisível.
No Rugby nem um nem outro escapavam: nem às sanções pesadas, nem ao escrutínio dos seus pares.
http://www.record.xl.pt/modalidades/raguebi/detalhe/argentino-suspenso-por-99-anos.html
E os brutos são os do Rugby, não é?
Não é por ter sido meia dúzia que agora passou a estar tudo bem, mas sem dúvida alguma que o Benfica que defrontou, na sexta-feira, o Belenenses, foi outro distinto e que ainda só tinha aparecido durante 15 minutunhos perante o Estoril.
O golo cedo ajudou, com certeza. A confiança de estar à frente libertou os jogadores para uma exibição magnífica. Parece-me também que os jogadores estão agora mais "disponíveis" fisicamente. Defensivamente não houve qualquer margem para que os azuis do Restelo pudessem espreitar a baliza de Júlio César.
O posicionamento e interajuda no processo defensivo foram quase perfeitos: Os laterais já fecham interiormente (Eliseu ainda é muitas vezes apanhado a defender por fora e parece não conseguir corrigir), Samaris foi uma rolha no meio campo, mantendo a defesa impermeável, Luisão voltou a ser comandante com o imediato Jardel a seu lado.
O processo ofensivo também já teve o jogo interior em sucessão rápida de passes que parte as defesas contrárias. Assim sim. O primeiro golo foi fruto de uma movimentação de Jonas "à Lima", que cruzou para Kostas "Tacuara" Mitrogolo finalizar como se fosse Paraguaio desde pequenino (se alguma vez foi pequeno!). Foi um cruzamento com critério, criando a movimentação o espaço entre os dois centrais que o Grego usou para facilmente ganhar o lance a Tonel. A partir daí, viu-se o rolo compressor. Rápidos na bola recuperada, intensos nos passes, no querer marcar mais, na gestão defensiva feita em ataque continuado. Os outros golos foram surgindo naturalmente, as falhas defensivas inevitáveis para quem é exposto a tamanha pressão.
A história desta partida conta-se pelos golos e pelas ocasiões que não entraram para o Benfica. O Belenenses não fez mais porque o Benfica não deixou. Jonas foi o goleador do costume, sempre frio e certinho na finalização, Gaitán deslumbrou e até Talisca voltou aos petardos.
Se isto foi fruto do trabalho de Rui Vitória, então, desta vez, conta com o meu aplauso imenso. Há que manter este caminho agora! Muito do que acusei, vi corrigido, mas um jogo não basta. No Benfica, só todos os jogos contam!
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
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