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Não vou escrever tudo o que penso da situação sui generis de ontem. Não tenho todos os dados para poder julgar se é o Benfica que tem razão ou o Talisca, na questão que o próprio referiu dos salários e de saber que ia sair, etc. A verdade é que ele fez, quando entrou, uma exibição que não se via desde o início da época 2014/15 e começou a equilibrar o jogo do Besiktas. Se calhar se tivesse sempre o orgulho ferido tinha sido titularíssimo desde que chegou. São os "profissionais da bola". Eu que sou adepto, fico... aborrecido.
A verdade é que não foi o Talisca que "roubou" ao Benfica dois pontos, foi sim o próprio Benfica. A nossa equipa teve o jogo na mão, o adversário desequilibrado e oportunidades para arrumar o assunto. Não marcámos somente por culpa própria. Quem falha assim na Champions, sofre. Ah e depois ainda demos um livre absurdo a um minuto do fim, cientes que estava um especialista "picado" do outro lado. Enfim.
Foi uma equipa muito jovem, mas isso não explica tudo, nem serve de desculpa. Ter o sonho e a via para lá chegar não basta: para jogar com o Manto Sagrado, há que aproveitar as oportunidades que surgem.
O destino de quem não petisca parece que é levar com o orgulho do Talisca!
Por mim, bem pode ficar na Turquia.
Foi preciso sofrer, mas já se sabia que o sofrimento teria de fazer parte desta segunda mão. Afinal, cabia à equipa Russa, em sua casa, tudo fazer para virar a desvantagem mínima que trouxe da Catedral.
Ainda assim, o Benfica entrou com a ideia de disputar a partida e marcar o seu golo. A consegui-lo, obrigaria o Zenit a ter de escalar a montanha psicológica de três golos.
Após uma primeira parte dividida, a segunda teve um Zenit mais pressionante, pressionada que estava a equipa para marcar o golo do empate na eliminatória. Foi, curiosamente, num lance ao estilo do clube do qual o seu treinador é adepto, que o Zenit, por fim, empatou a eliminatória:
Um lance repleto de garra, de ímpeto, de irregularidade e de um árbitro complacente.
No entanto, ao contrário de outras equipas que também sofreram na pele decisões incorrectas de árbitros perante equipas Russas nesta prova, o Benfica não chorou. Acreditou, encheu o peito e foi em frente tentar resolver o jogo de seguida. É certo que contamos com o espírito de Eusébio, mas isso não torna ilegal o golo inventado pela fé de Jimenez - afinal, não há regra que se conheça que impeça a intervenção divina ou espiritual. À bota de Jimenez desceu o pé direito de Eusébio e a fé do Mexicano fez o resto: remate impressionante, defesa incrível do guarda-redes, encosto de Gaitán para o 1-1 e a resolução da eliminatória. Grato Eusébio! Grato Jimenez!
Com o adversário já resignado, Talisca ainda pôde, com facilidade e um toque de classe, fazer o segundo golo.
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Uma equipa pequena ter-se-ia desmoronado após o golo do Zenit (ainda por cima obtido da forma que foi). Só que o Sport Lisboa e Benfica é GIGANTE!
Após a paragem forçada no nevoeiro da Madeira, seria natural haver alguma falta de ritmo. No entanto, e talvez devido ao tempo húmido, viu-se que o Benfica tinha era ferrugem nesta Taça. O escalonamento do onze inicial revelou rotação, sim, mas também a apresentação das melhores segundas linhas disponíveis, pelo que Rui Vitória revelou respeito pelo Vianense, como equipa mais pequena que espreita sempre agigantar-se perante uma equipa grande num jogo a eliminar. Tinha razão em pensar assim.
O Benfica entrou forte e podia ter marcado logo no primeiro minuto, se Talisca tem conseguido ultrapassar Jonas (não, não era o nosso "pistolas"). Sem ser obrigado a produzir um futebol de grande nível, a equipa do Benfica ia conseguindo criar perigo, aproximando-se, aos poucos, de um anunciado golo. Ele lá surgiu, fruto de um lançamento lateral, com Carcela a desferir um remate impressionante tecnicamente. Bastaria marcar o segundo agora.
Só que nem sempre o pouco que basta é fácil de obter. O Benfica ia conseguindo criar perigo, jogando até melhor na segunda parte que na primeira, mas a bola teimava em não entrar - entre um grande Jonas guarda-redes, o seu poste direito e a ferrugem do Benfica nesta Taça, viveu o desperdício.
"Quem não marca, sofre" - está escrito no compêndio dos ditados populares do futebol. A sabedoria popular (e de quem quer que tenha criado a expressão) ficou bem patente no que se passou a dez minutos do fim. Com o Benfica a gerir o jogo, adivinhando-se o segundo golo, eis que surge Colibaly a desferir um remate absolutamente fabuloso, aninhando a bola no mesmo canto enfeitiçado da baliza em que Carcela tinha colocado a dele. 1-1 e agora era tempo de viver o susto.
No entanto, devo confessar, não me intimidei. Senti, por qualquer motivo que não sei explicar, que o Benfica iria vencer ainda nos 90 minutos. Algo me dizia que aquele tinha sido o Momento do Vianense e que este tinha esgotado a sua boa estrela. Felizmente, estava certo. Um canto bem marcado e um Jardel a reaparecer nas bolas paradas com o seu jogo aéreo: 1-2 e jogo resolvido.
Devia ter sido mais fácil? Talvez, mas o Vianense "danificou" a camisola e não foram "pêcos" (desculpem, lembrei-me daquela clássica entrevista a um jogador de um clube das distritais, Zé Nando do S. Pedro da Cova, que recordo abaixo). Onze contra onze e a crença da taça - tudo certo. Agora há que pensar é no Galatassaray!
Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.
Notas:
O Benfica visitar o Dragão (antes Antas), ocasião tida como uma espécie de festival no calendário Portista, é sempre considerado um jogo muito complicado. Esta época, por tudo o que se passou em mais um verão quente à Portuguesa, a visita ganhava um interesse especial.
É que para além da questão do Maxi Pereira - que foi para mim, apenas e somente, como já relatei, o mais recente refém da guerrilha antiga - encontramos o Benfica de volta a um rumo que já nos parecia estranho, abandonado que tinha sido há tanto tempo: o da aposta efectiva, não só ocasional, na sua própria formação. Isto perante um Porto que, por mais uma época consecutiva, fez por ser apelidado de Super, gastando quantias consideráveis em transferências e salários no reforço do plantel.
Com uma pré-época desastrosa a vários níveis (cuja responsabillidade cai somente sobre os ombros de Luís Filipe Vieira e de quem o terá aconselhado), o início de época pareceu mostrar um novo treinador sem unhas para a guitarra Gloriosa. Mesmo assim perdeu a Supertaça com o Catedrático-Sporting apenas através de um "chouriço". A verdade é que a evolução nos processos, defensivos e ofensivos, tem sido notória. A verdadeira e útil pré-época tem sido feita em andamento competitivo, infelizmente - o que, repito, demonstra incompetência de quem a planeeou e aprovou, não de quem teve de se haver com ela.
Posto tudo isto, muitos esperavam que o tal Super-Porto esmagasse este "fraquinho" Benfica. Pois bem, não o fez e, tendo vencido a partida, deixou muitas perguntas por responder ao longo do resto da época. Desengane-se quem pensar que esta equipa do Porto rumará tranquila ao título, que até pode vir a conquistar, sim, mas não com o à-vontade desejado...
O nosso Sport Lisboa e Benfica, esse, entrou com personalidade, com vontade. Com um pouco de sorte - talvez as bruxarias de Fafe outra vez? - o Glorioso teria saído de lá com um resultado semelhante ao da época passada, tendo jogado bem melhor que nesse jogo. Só que o resultado final é o que conta e o Benfica não se fica com vitórias morais. Ficamos sim é com a clara sensação que, perante aquele que deveria ser o melhor plantel do campeonato, o Benfica lutou de igual para igual, remetendo grande parte do jogo ofensivo do adversário àquilo que já tinhamos acusado o Benfica de Vitória fazer: cruzamento à balda, procurando qualquer coisinha. O Benfica podia e devia até ter marcado e depois jogado contra dez (Maicon) a segunda parte... ou talvez mesmo nove (Maxi)...
Num ressalto azarado a meio campo, lá surgiu uma boa jogada que aproveitou o desequilíbrio defensivo do Benfica na ocasião para dar o golo da derrota. Já não havia muito tempo para reagir e a equipa sentiu demasiadamente o golo. As substituições não deram muito ao jogo, mas penso que a entrada de Talisca teve mais a ver com a fé num pontapé inspirado do que com outra coisa. Pizzi visou refrescar o exausto Guedes.
Posto isto, pergunta-se: é esta a diferença para o tal Super-Porto? Veremos na Luz, na segunda volta, como estarão as duas equipas. É que em termos de ideias de jogo e dos seus processos, vê-se evolução no Sport Lisboa e Benfica, mas uma enorme estagnação no Porto - joga quase o mesmo que na época anterior. Repito: não há cá vitórias morais, mas o facto é que Lopetegui ganhou um balão de oxigénio ainda sem mostrar ter capacidade táctica para pôr o melhor plantel do campeonato a ser demolidor, em contraste com Rui Vitória que, depois de todas as merecidas críticas de que foi alvo, mostra cada vez mais evolução, inteligência e atitude, mantendo fidelidade ao rumo para o qual foi contratado.
Vamos vendo jogo a jogo.
E Nélson Semedo é cada vez mais jogador... e será enorme!
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Não é por ter sido meia dúzia que agora passou a estar tudo bem, mas sem dúvida alguma que o Benfica que defrontou, na sexta-feira, o Belenenses, foi outro distinto e que ainda só tinha aparecido durante 15 minutunhos perante o Estoril.
O golo cedo ajudou, com certeza. A confiança de estar à frente libertou os jogadores para uma exibição magnífica. Parece-me também que os jogadores estão agora mais "disponíveis" fisicamente. Defensivamente não houve qualquer margem para que os azuis do Restelo pudessem espreitar a baliza de Júlio César.
O posicionamento e interajuda no processo defensivo foram quase perfeitos: Os laterais já fecham interiormente (Eliseu ainda é muitas vezes apanhado a defender por fora e parece não conseguir corrigir), Samaris foi uma rolha no meio campo, mantendo a defesa impermeável, Luisão voltou a ser comandante com o imediato Jardel a seu lado.
O processo ofensivo também já teve o jogo interior em sucessão rápida de passes que parte as defesas contrárias. Assim sim. O primeiro golo foi fruto de uma movimentação de Jonas "à Lima", que cruzou para Kostas "Tacuara" Mitrogolo finalizar como se fosse Paraguaio desde pequenino (se alguma vez foi pequeno!). Foi um cruzamento com critério, criando a movimentação o espaço entre os dois centrais que o Grego usou para facilmente ganhar o lance a Tonel. A partir daí, viu-se o rolo compressor. Rápidos na bola recuperada, intensos nos passes, no querer marcar mais, na gestão defensiva feita em ataque continuado. Os outros golos foram surgindo naturalmente, as falhas defensivas inevitáveis para quem é exposto a tamanha pressão.
A história desta partida conta-se pelos golos e pelas ocasiões que não entraram para o Benfica. O Belenenses não fez mais porque o Benfica não deixou. Jonas foi o goleador do costume, sempre frio e certinho na finalização, Gaitán deslumbrou e até Talisca voltou aos petardos.
Se isto foi fruto do trabalho de Rui Vitória, então, desta vez, conta com o meu aplauso imenso. Há que manter este caminho agora! Muito do que acusei, vi corrigido, mas um jogo não basta. No Benfica, só todos os jogos contam!
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O Estoril na Luz não foi, de todo, uma aldeia Gaulesa remetida à sua própria protecção. Foi sim, aproveitando a clara falta de confiança, a dúvida, que pairava sobre a psique encarnada, um conjunto de guerreiros da Gália atrevidos pelos poderes de uma qualquer poção mágica transmitida pelo seu ambicioso treinador, trespassando com facilidade as linhas defensivas da Legião Benfiquista, mas nunca ultrapassando o Imperador Júlio César. Foi ele que, defesa atrás de defesa, acabou por não só tornar possível, como exigir, de trás para a frente, que a confiança pudesse por fim descer sobre o Manto Sagrado e resolver a contenda.
A vitória acabaria por sorrir, por números até impensáveis para aquilo que a equipa estava a exibir: desconfiança, receio de errar, apatia.
Com a troca (talvez tardia) de Pizzi por Talisca e de Ola John por Victor Andrade, o Benfica ganhou dinâmica. Talisca voltou a ser (finalmente!) um transportador de bola e Victor Andrade trouxe muita vontade de abanar o jogo, de sacudir a defesa contrária.
E foram as defesas de Júlio César. E foram os cânticos por Eusébio. E foi Gaitán (romantismos à parte, o melhor em campo) que cruzou com precisão para Mitroglou poder afirmar que é reforço. Ele que já tinha marcado em fora-de-jogo (evidente) e que tinha já desperdiçado um golo feito a poucos metros da baliza, pôde agora associar o seu nome à Mística Benfiquista e perceber o que é uma explosão de alegria (que, no fundo, foi mais de alívio!) no seio da Família Gloriosa. Agora já sabe. Agora quererá mais.
Foi assim, com Eusébio a observar sorridente, que se deu a redenção dos Legionários, tão contestados pelas Américas, tão parcos por terras do Algarve.
O dardo do Grego (que nasceu no que fora outrora o reino de Alexandre, o Grande - a Macedónia), furou a resistência Estorilista e abriu o caminho para a exibição contundente, confiante, à bi-campeão! Talisca obrigou o defesa do Estoril a proteger o torso entre a mão e o joelho, tal a força do seu remate, providenciando a Jonas o primeiro golo da sua nova época na Luz, de penalty. Depois, Victor Andrade sacou um centro algo curvado demais - nada de mais para um Jonas confiante: um passito ou dois atrás, impulsão e vai buscar. Três a zero, num instante! Uma exibição de outra equipa, de uma Legião absolutamente diferente!
Só que o jogo não podia acabar sem o seu momento de poesia. Poesia justa (ou justiça poética, dirão alguns), pela medida da visão de Victor Andrade, do calcanhar de Gaitán, da movimentação de Nélson Semedo e do seu remate de pé esquerdo. O quarto golo demonstrara, por fim e para que dúvidas não restassem, que Jesus já não mora ali. Aquele fora o golo de Rui Vitória, o golo do exorcismo, o golo do sonho de inúmeros miúdos que tudo dão de si, dia após dia, para um dia chegar a pisar aquele relvado com o Manto Sagrado vestido. Foi o golo "daquilo que podia ter sido" com Bernardo Silva...
Missão cumprida, vitória alcançada, o Benfica onde deve estar. Muito suor; muita fortuna também, mas a sorte protege os audazes! Não ficou tudo resolvido, nem estava tudo destruído antes. Há muito trabalho pela frente, mas muita vontade, viu-se, de elevar o Benfica ao nível que merece.
Este foi o primeiro dia do resto da época da equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica.
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