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Tapar o Sol com as peneiras

por Ao Colinho do Isaías, em 09.12.15

A falta de trabalho táctico fica mais exposta quando a equipa defronta equipas de valor equivalente ou superior, ou mesmo equipas que tenham uma ocupação de espaços mais eficaz. Foi o que aconteceu ontem, uma vez mais.

Esta espécie de 4-3-3 (com a qual concordo bem mais que com o habitual 4-4-2 desta época) desequilibra menos a equipa e proporciona um conforto muito maior aos jogadores. Como uma equipa se constrói de trás para a frente, portanto da defesa para o ataque, haver um maior conforto é essencial para que depois se possa desenvolver melhor jogo ofensivo. Ainda assim, é inacreditável como se verifica que um princípio básico, básico até para o treinador de bancada mais atento ao futebol jogado pelo mundo fora, não parece ser do conhecimento do actual treinador do Benfica, Rui Vitória: o fluxo de jogo, tal como a construção de uma equipa, produz-se de trás para a frente, nunca no sentido inverso. Com a bola, a equipa tem de se movimentar e combinar de forma a progredir no terreno e chegar a zona de perigo em condições de efectuar remates eficazes. Claro que parece mais simples do que é, no entanto não deixa de ser um conceito básico. Não importa se tens Cristiano Ronaldo, Messi e Aguero na frente se a bola não lhes chega em condições jogáveis ou se a única forma de lhes fazer chegar jogo é em passes longos perante uma defesa fechada ou tentativa de jogo directo como última alternativa.

O Benfica não entrou a jogar mal, atenção. Trocava bem a bola e viram-se algumas combinações de que falo, ainda que lentas, mas o jogo não estava a pedir para ser sacudido por nós. Era o Atlético de Madrid quem precisava de correr atrás do resultado, pelo que foi uma estratégia adequada. Só que uma vez que o golo foi obtido (Eliseu preferiu, mais uma vez, marcar o homem aberto no exterior e estragar o movimento correcto do resto da defesa, colocando o avançado em jogo), não conseguiram aplicar à troca de bola uma acutilância e dinamismo de quem precisa de extrair algo mais.

A ausência de simples tabelinhas (que requerem movimentação e rapidez) é, como tenho afirmado, um claro sintoma da incapacidade de trabalho táctico, no posicionamento e nas instruções estratégicas, nos "princípios de jogo", de Rui Vitória. Pareceu que em Madrid ele tinha finalmente agarrado a equipa e a tinha trabalhado como queria, mas fora ilusão. Tratam-se de conceitos, repito, básicos, que a equipa não consegue implementar. Isto faz com que o jogo dependa demasiado das individualidades, como já afirmei anteriormente, sendo esta dependência de heróis nefasta à boa progressão dos valores oriundos da formação. É que repare-se: Semedo, Guedes e agora Sanches são heróis, mas esses, ainda que poética, metafórica e romanticamente, acabam todos no "cemitério" (futebolístico), pois a derrota e a "quase vitória" não são alicerces para o desenvolvimento de um jogador de topo. Os heróis da nossa equipa batem-se valorosamente como os Celtas o fizeram à milénios, no entanto, tanto nessa altura como agora, a táctica e a disciplina Romanas derrotam sempre um grupo menos organizado composto pelos mais bravos e fortes heróis. Associe-se uma à outra, no entanto, e obtém-se uma equipa de topo.

 

Eu reafirmo: este plantel dá mais que isto, pode providenciar melhores condições aos nossos heróis, mas precisa é de trabalho táctico. Rui Vitória não o tem para dar... ou então não consegue dá-lo. Pode tentar mascarar-se com propaganda, tentar tapar o Sol da incompetência com as peneiras da "atitude" e do "coração", mas as evidências estão lá para quem as quiser ver: este treinador não tem capacidade táctica para montar uma equipa do Benfica e serão os próprios jovens, que deveriam ser um dos seus "produtos", os mais prejudicados.

 

Leia uma análise mais factual à partida, por Eu visto de Vermelho e Branco, aqui.

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rematado às 08:19




4 comentários

De BENFICA365 a 09.12.2015 às 11:49

Meu caro:

O que eu noto, é que este Benfica ainda não se estabeleceu emocionalmente.
Esta época o melhor Benfica por vezes só aparece, quando está "tudo perdido". Só aí a equipa proporciona/transmite aos adeptos bons momentos futebolísticos . E creio a 1000% que aqui é mais alma e coração dos jogadores do que trabalho do treinador.
Ora vejamos momentos que capitalizamos algo de positivo:
1ª jornada com o Estoril: 4-0 o último quarto de hora com o 1º golo a ser marcado aos 75´(salvo erro)
3ª jornada com o Moreirense: 3-2 , muito coração
A primeira parte frente ao Belenenses,
A primeira parte frente ao grémio de Contumil
Os últimos 25 minutos frente ao grémio do badocha...
L.C em Astana 2-2 do Desastre ao empate
L.C. depois de perdido por um perdido por mil até a ideia que pelos últimos 15 minutos o a derrota é injusta.
L.C. na Turquia 2-1... só depois de estarmos a perder é que resolvemos é que fomos em busca de algo melhor, assim como no jogo de ontem, deu a sensação de um jogo mal perdido.

O Benfica não consegue controlar os tempos de jogo. Parece a equipa de contumil quando esta era orientada pelo Paulo Fonseca. Com brilhantes fases de domínio, avassaladoras e simultaneamente com fases de completa desorientação, perdendo por completo o controlo/domínio, e encaixando golos, tudo isto num mesmo jogo e em curtos espaços de tempo. Da a sensação que a equipa desaparece dentro de campo. Estamos numa de Ping- Pong exibicional. E aquele lado esquerdo.....

Saudações Gloriosas

De Ao Colinho do Isaías a 09.12.2015 às 12:58

Caro Benfica365,

Por um lado tem razão, ou seja, a componente emocional da equipa entra em modo heróico quando se depara com o prejuízo. No entanto o que afirma vai de encontro àquilo que refiro no texto, ou seja, que a equipa fica completamente dependente dos heróis e menos da disciplina e da táctica.

Perante o prejuízo, diante do Sporting e do Arouca, como respondeu a equipa? Pois, os heróis aí foram arrumados perante a organização contrária. Note que não estou nem a afirmar que os jogadores têm estado ao nível exigido, nem que o anterior treinador é que era. O que estou a afirmar é que a organização que permite que os heróis sejam também vencedores. Para isso precisamos de um "general" diferente.

Jogar com o coração deve ser recurso, não regra!

Abraço,
Isaías

De RM a 09.12.2015 às 16:53

Temos um futebol básico e desactualizado, não há mais nada a dizer...

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